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Eurodeputados portugueses confrontam von der Leyen. PSD e PS apoiam, PCP e BE atacam

Ursula von der Leyen esteve durante quatro horas a ser questionada pelos eurodeputados, incluindo portugueses. Paulo Rangel, Marisa Matias, Pedro Marques, João Ferreira e Carlos Zorrinho fizeram intervenções.

Reuters
16 de Julho de 2019 às 12:14
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Ursula von der Leyen foi questionada no Parlamento Europeu durante esta manhã, antes da votação às 17h (hora de Lisboa) para confirmar ou não a sua nomeação para presidente da Comissão Europeia. Também os eurodeputados do PS e do PSD - que deverão votar a favor da nomeada, assim como o CDS - e os do BE e do PCP - que deverão votar contra, assim como o PAN - tiveram oportunidade de confrontar a candidata. 

À direita, o vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), Paulo Rangel, elogiou o discurso "inspirador" da ministra da Defesa alemã, assinalando a sua "visão e ambição europeísta". "Terá com certeza o nosso apoio", garantiu o eurodeputado do PSD. Contudo, não deixou de a criticar, começando pela ausência de comentários sobre o "masterplan" do PPE na luta contra o cancro, uma proposta da candidatura de Manfred Weber, o candidato principal (o "Spitzenkandidat") do PPE que foi rejeitado pelo Conselho Europeu. 
Mas a crítica mais acentuada de Rangel foi para a proposta da Comissão Europeia para o quadro financeiro plurianual (QFP) de 2021 a 2027 que classificou de "injusta" por prejudicar os países mais pobres e beneficiar os países mais ricos. "A questão da coesão e da convergência entre os Estados-membros é essencial", avisou.

Pela mesma linha foi Carlos Zorrinho que questionou von der Leyen sobre que apoio dará à defesa de um QFP "ambicioso". Apesar de admitir que teve "dúvidas" sobre o nível de compromisso da alemã, Zorrinho (chefe da delegação do PS no PE) disse que o discurso de hoje e a carta de ontem foram "bastante mais convincentes", sinalizando que votará a favor, tal como já tinha antecipado António Costa. "É tempo de passarmos à ação", rematou. 

A última intervenção dos eurodeputados foi a de Pedro Marques, o candidato do PS às eleições europeias que está na calha para ser nomeado comissário europeu pelo Governo português. "O seu compromisso oral e escrito mostra que analisou corretamente o nosso programa e as expectativas dos europeus", começou por sublinhar o socialista, sugerindo também o voto a favor. "Foi bom ver que não hesitou a assumir compromissos", disse, referindo que espera que von der Leyen tenha a "capacidade para ultrapassar os bloqueios no Conselho [Europeu]" em várias matérias. 

Mais à esquerda, a primeira intervenção foi a de João Ferreira (PCP) e de Marisa Matias (BE), ambos do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), que vai votar contra, criticaram duramente a alemã. O eurodeputado comunista disse que "a nova Europa não vai nascer com esta eleição". Para João Ferreira o nome de von der Leyen é o "consenso do militarismo e das guerras" e "das privatizações e dos lucros das grandes multinacionais". 
Já a eurodeputada bloquista confrontou Ursula von der Leyen com escolhas: investimentos no combate às alterações climáticas ou na militarização? Uma política de acolhimento ou um reforço do controlo de fronteiras? As questões foram deixadas por Marisa Matias, tendo esta afirmado que são necessárias "políticas claras nos próximos cinco anos, não políticas contraditórias".

Francisco Guerreiro, eurodeputado do PAN que está integrado nos Verdes, não interveio na sessão, mas deixou as suas críticas a Ursula von der Leyen no Twitter em linha com o que tem sido dito pelo seu grupo parlamentar. Em específico, Guerreiro assinalou as questões feitas à nomeada sobre o "desastre" do acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul anunciado recentemente. "Um grande acordo para as empresas que foi liderado pelo presidente extremista do Brasil, Jair Bolsonaro", escreveu na sua conta.

Esta manhã o atual comissário europeu de Portugal, Carlos Moedas, manifestou o seu apoio à alemã: "A sua história pessoal e europeia é uma inspiração para todos nós", escreveu no Twitter.


No seu discurso final, Ursula von der Leyen terminou o debate desafiando os eurodeputados a consultar as suas orientações políticas e afirmando que "devemos ser corajosos" na União Europeia, garantindo que irá trabalhar para evitar que haja uma divisão entre o norte e o sul ou o este e o oeste. "Eu sou o vosso aliado natural", assegurou aos eurodeputados.

A votação decorre às 17h (hora de Lisboa) e os resultados deverão ser anunciados às 18h30, sendo que o voto é secreto. Caso Ursula von der Leyen não consiga a aprovação, o Conselho Europeu terá de apresentar um novo nome até 30 dias depois. O próximo executivo comunitário deverá entrar em funções a 1 de novembro.
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