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Costa agora quer virar a página da austeridade na Europa

Num debate denominado "Novo Impulso para a Europa", o primeiro-ministro português defendeu ser a hora de também ao nível da União Europeia ser alterado o rumo das políticas. Nesse sentido, António Costa insiste na importância de a Zona Euro dispor de capacidade orçamental própria.

David Santiago dsantiago@negocios.pt 25 de Janeiro de 2018 às 18:54

António Costa continua a puxar dos galões do bom momento da economia portuguesa e das políticas seguidas nos dois anos de governação socialista. Esta quinta-feira, 25 de Janeiro, num debate realizado no Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, o primeiro-ministro português defendeu que é chegado o tempo de mudar de políticas na União Europeia (UE) e de, tal como Costa diz ter sido feito em Portugal, voltar a página da austeridade na Europa.

 

A propósito da austeridade seguida na Europa, António Costa recordou que "esta crise [financeira] afectou os países de forma diferente" para notar que os Estados acabaram por "encontrar diferentes soluções". Para exemplificar, Costa recorreu aos dois anos do Governo por si liderado para constatar que é possível "chegar de outra forma" às metas definidas, por exemplo, para o défice e a dívida.

 

Sinalizando o défice orçamental de Portugal, que deverá ter ficado em 2017 em torno dos 1,2% do PIB, a saída do país do procedimento por défices excessivos ou os pagamentos antecipados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o primeiro-ministro constatou que é possível fazer diferente.


"Acho que temos de voltar a página da austeridade" na Europa, concluiu.

 

Numa conversa com o mote "Novo Impulso para a Europa" – que contou com a participação, entre outros, dos chefes de governo da Holanda (Mark Rutte) e da Irlanda (Leo Varadkar) e da comissária europeia do Comércio (Cecilia Malström) – o líder do PS insistiu na importância de a Zona Euro constituir um orçamento comum capaz de "assegurar que podemos financiar investimentos estruturais que são recomendados pela própria UE". "Acho que se queremos reforçar a UE precisamos de uma base sólida e consolidar aquilo que temos", explicou.

 

Afastando preconceitos, Costa sustentou que atribuir capacidade orçamental à eurozona não é a mesma coisa que criar uma "união de transferências" – hipótese rejeitada em muitas capitais – mas tornar o projecto europeu "mais ambicioso", porque só assim será possível "convergir". 

 

Sem esquecer que agora é o ministro Mário Centeno o presidente do Eurogrupo, António Costa assegurou que as novas políticas e o reforço da Zona Euro têm de ser prosseguidos sem descurar a "disciplina" orçamental e o cumprimento das "regras". 

Costa admite Europa com diferentes velocidades

 

Questionado sobre a ideia presente nos tratados de uma "união cada vez mais estreita", António Costa mostrou-se favorável a uma maior integração e, alinhado com a posição do presidente francês Emmanuel Macron, disse que Lisboa não vê entraves numa Europa a várias velocidades.

 

Assumindo como cenário ideal a União a 27 avançar "ao mesmo ritmo", Costa "não [encontra] nenhuma razão contra uma Europa em diferentes velocidades". Retomando o discurso feito em Setembro, no Colégio da Europa, em Brugges, o primeiro-ministro admite que a UE avance com base em "geometrias variáveis", dando como exemplos de sucesso Schengen e o euro, que já são "uma Europa a diferentes velocidades. 

 

Aquilo que o Governo português rejeita é a ideia de uma Europa concentrada num núcleo duro (países fundadores) ou no eixo franco-alemão, o que relegaria Portugal para segundo plano. "Não chega ter um acordo entre a França e a Alemanha, precisamos de um acordo a 27", atirou embora reconhecendo, e dando como exemplo a Hungria de Viktor Orbán, que pode haver países indisponíveis para continuar um caminho de maior aprofundamento da integração europeia.

 

Num momento de convergência entre Macron e a chanceler alemã Angela Merkel - que nas negociações para a formação de governo com o SPD contempla reforçar a integração da Zona Euro e garantir mais investimento para a Europa - acerca do futuro europeu, e com uma conjuntura económica favorável - que Centeno vê como uma "janela de oportunidade" para reforçar a Europa -, António Costa reitera a vontade de Portugal continuar na vanguarda do processo de integração.  


Veja em baixo o vídeo com o debate "Novo Impulso para a Europa" em Davos.


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