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Davos: Macron defende Europa a várias velocidades

Além de pedir mais ambição à Europa, o Presidente francês falou também da necessidade de as empresas de tecnologia encontrarem formas de partilhar a riqueza que geram.

EPA/Lusa
24 de Janeiro de 2018 às 19:49
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Tirem o limite de velocidade à integração europeia. Foi essa a mensagem que Emmanuel Macron quis deixar à Europa no seu discurso de hoje no encontro do Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça. O Presidente francês volta a colocar na agenda uma Europa a várias velocidades.

"Se alguns estiverem preparados para serem mais ambiciosos na Europa, vamos a isso. A porta está sempre aberta a todos, mas aqueles que não querem avançar não devem bloquear os mais ambiciosos", sublinhou Macron. "Não sou ingénuo. Nunca iremos construir algo suficientemente ambicioso com os 27 [estados-membros]."

O líder francês propõe por isso a criação de uma vanguarda que assuma a dianteira do projecto europeu, com o objectivo de ter uma Europa "mais forte" e "capaz de ter uma mensagem mais clara".

Este conceito de uma Europa a várias velocidades tem sido defendido por Macron. A ideia é que existam vários níveis de integração, permitindo aos países mais periféricos acompanharem as economias do centro quando cumprirem determinados critérios.

A possibilidade de perder o comboio da Europa pode desagradar a alguns. O Governo português não parece opor-se, desde que isso não se aplique à moeda única. "Não nos opomos à ideia, mas opomo-nos a que ela se aplique à Zona Euro", afirmou Augusto Santos Silva, em declarações ao Público, em Março do ano passado.

Para Macron, a Europa deve assumir-se como uma síntese entre o modelo chinês e norte-americano. O objectivo é "tornar a Europa num verdadeiro poder económico, social, "verde", científico e político", que lhe permita ser mais "soberana, unida e democrática".

Tecnológicas devem contribuir mais

Num discurso de cerca de uma hora, Macron alternou entre o inglês e o francês. O arranque foi bem-humorado. "Em Davos, quando se olha para o exterior, é difícil acreditar no aquecimento global", notou, referindo-se à neve e às temperaturas negativas. "Obviamente e felizmente, este ano não convidaram nenhum céptico acerca do aquecimento global." Só faltou dizer o nome de Trump.

Depois de poucas horas antes Angela Merkel ter falado da necessidade de responder ao alívio fiscal aprovado recentemente nos EUA, Macron bateu na mesma tecla. No entanto, o alívio de impostos e regulações deve ser acompanhado por estratégias que combatam o planeamento fiscal agressivo feito por algumas empresas, que acaba por se traduzir em fuga ao fisco.

O Presidente francês quis singularizar em específico os grandes grupos tecnológicos - como o Facebook, Google, Apple ou Amazon -, apontando que o actual modelo em que uma start-up paga mais impostos do que um gigante digital é "injusto".

"Os gigantes digitais trazem disrupções [tecnológicas] e vão provavelmente destruir empregos", afirmou. "Se quem destrói empregos não ajuda - por exemplo a financiar a formação de pessoas - como é que eu vou explicar isso aos trabalhadores e à classe média?"

Para resolver este e outros problemas, Macron pretende que ainda este ano a União Europeia desenhe um novo acordo de cooperação fiscal entre os estados-membros.

 

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