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Draghi junta-se a coro de críticos dos EUA

O presidente do BCE acusou os responsáveis da Administração norte-americana de infringirem acordos internacionais ao promoverem um dólar mais fraco para impulsionar as exportações do país.

Bruno Simão
Nuno Aguiar naguiar@negocios.pt 25 de Janeiro de 2018 às 17:30

Nem sempre se vê um banqueiro central ser tão assertivo nas críticas. Mario Draghi sugeriu hoje que os Estados Unidos infringiram consensos internacionais ao promover uma moeda mais fraca. Mais um capítulo naquilo que pode ser o prólogo de uma futura guerra de divisas.

 

Ontem, em Davos, Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, disse que uma dólar mais fraco era útil para o comércio dos EUA com o resto do mundo, permitindo-lhe vender mais bens e serviços. Pouco depois, o secretário do Comércio, Wilbur Ross, acrescentaria que não tem medo de iniciar uma guerra comercial porque ela já está "a decorrer há algum tempo". "A diferença é que as tropas dos EUA estão agora a chegar às muralhas." As declarações provocaram um sismo geopolítico e uma apreciação do euro face ao dólar.

 

Hoje, durante a conferência de imprensa do BCE, Draghi foi questionado acerca da valorização do euro ao longo do último ano, justificando-o com a melhoria da economia, mas também com a "utilização de linguagem que não reflecte os termos de referência acordados".

 

O banqueiro disse que essas declarações foram feitas por outras pessoas que não responsáveis do BCE, mas optou por não as identificar. Contudo, lembrou que ainda em Outubro do ano passado os países reafirmaram o seu compromisso para evitar "desvalorizações competitivas" e a definição de objectivos de câmbio. "Quando alguém diz basicamente que um bom câmbio é bom para os exportadores e que é bom para a economia, isso significa que está a definir um objectivo de câmbio", acrescentou Draghi.

 

Além de violar estes princípios, a apreciação do euro face ao dólar também dificulta a tarefa do BCE de voltar a colocar a inflação próxima do limite de 2%, uma vez que torna as importações europeias mais baratas, aliviando os preços. Draghi admitiu que a volatilidade cambial entre o dólar e o euro cria uma incerteza adicional para as decisões de política monetária.

 

Em relação às declarações de Mnuchin, o presidente do BCE assumiu que "vários membros [do conselho de governadores] se mostraram preocupados". Não apenas com a evolução do câmbio euro/dólar, mas essencialmente com o "estado actual das relações internacionais".

 

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