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BCE não descarta responder a uma guerra de divisas dos EUA

O BCE continua a defender que a política monetária não deve ter objectivos cambiais, mas admite que, caso os EUA ameace os objectivos do banco central, possa ter de reavaliar a sua política.

Benoit Coeuré, membro do Comité Executivo do Banco Central Europeu.
01 de Fevereiro de 2018 às 09:20
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O Banco Central Europeu (BCE) não quer uma corrida às armas, mas não ficará quieto se ela ocorrer. Em entrevista à irlandesa RTÉ, Benoît Cœuré, membro da comissão executiva do BCE, reconheceu que, num cenário em que a meta de inflação fixada para a Zona Euro fique em risco de incumprimento, o banco central poderá ter de responder a essa ameaça.


"Existem acordos que não devemos ter objectivos cambiais [na nossa política monetária], começou por afirmar Coeuré. "Queremos câmbios que reflictam as condições económicas e monetárias em diferentes zonas. Não vamos mudar isso."


Porém, acrescentou que "temos assistido a alguma volatilidade recentemente". "Se essa volatilidade levar a um aperto não desejado da nossa política monetária, vamos ter de considerar e reavaliar."


Ainda assim, o representante do BCE nota que "a mensagem mais importante" é que os bancos centrais devem cumprir o que está acordado nos fóruns internacionais e não tentar atingir metas de câmbio para estimular a economia.


Estas declarações de Coeuré surgem depois da polémica levantada em Davos. Na conferência anual do Fórum Económico Mundial, Steven Mnuchin, secretário do Tesouro, disse que um dólar mais fraco era útil para o comércio dos EUA com o resto do mundo. No mesmo fórum, Wilbur Ross, acrescentaria que não tem medo de iniciar uma guerra comercial porque ela já está "a decorrer há algum tempo". "A diferença é que as tropas dos EUA estão agora a chegar às muralhas", sublinhou. As declarações provocaram um sismo geopolítico e uma apreciação do euro face ao dólar.


No dia seguinte, Mario Draghi responderia que a essas declarações notando que certos responsáveis - que optou por não nomear - utilizaram uma linguagem "que não reflecte os termos de referência acordados". Ainda em Outubro de 2017, lembrou o presidente do BCE, os países reafirmaram o seu compromisso para evitar "desvalorizações competitivas" e a definição de objectivos de câmbio.


Além de violar estes princípios, a apreciação do euro face ao dólar também dificulta a tarefa do BCE de voltar a colocar a inflação próxima do limite de 2%, uma vez que torna as importações europeias mais baratas, aliviando os preços. Draghi admitiu que a volatilidade cambial entre o dólar e o euro cria uma incerteza adicional para as decisões de política monetária.

 
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