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Brexit: UE e Reino Unido estendem prazo para negociações

O primeiro-ministro britânico e a líder da Comissão Europeia aceitaram prolongar as negociações, sem avançar um novo prazo. O período de transição termina dentro de 18 dias.

Reuters
13 de Dezembro de 2020 às 12:19
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Boris Johson e Ursula von der Leyen emitiram esta manhã um comunicado conjunto onde anunciam o prolongamento das negociações para o acordo comercial, que deveriam terminar hoje. 

"Tivemos uma conversa telefónica útil esta manhã. Discutimos os principais pontos ainda por resolver. As nossas equipas negociais têm estado a trabalhar dia e noite nos últimos dias", começa o comunicado.

 

"Apesar do cansaço depois de quase um ano de negociações e do facto de os prazos limite terem sido falhados repetidamente, consideramos que o mais responsável é fazer um esforço extra. Nesse sentido mandatámos os nossos negociadores para continuarem com as conversações para tentar que um acordo seja alcançado, mesmo nesta fase tardia. As negociações continuam aqui em Bruxelas", conclui.

O período de transição definido no acordo de saída termina no final do ano, dentro de 18 dias. O Reino Unido e a União Europeia terão de fechar um tratado comercial que permita manter o comércio livre entre os dois blocos. Caso contrário, as trocais comerciais passam a ser reguladas pelas regras da Organização Mundial do Comércio, levando à introdução de quotas e tarifas.

O dia de ontem foi marcado por intensas conversações que decorreram noite fora. Segundo o Financial Times, o principal motivo de discórdia continua a ser o "level playing field" regulatório.

 

A União Europeia exige que o Reino Unido se comprometa a adotar a atual e futura regulamentação europeia em temas como as ajudas de Estado, as regras ambientais ou os direitos dos trabalhadores, de forma a garantir que as empresas britânicas não beneficiam de vantagens indevidas no acesso ao mercado europeu, concorrendo de forma desleal.

 

Já o governo liderado por Boris Johnson não aceita que Bruxelas continue a ditar regras para serem implementadas pelo Reino Unido, cedendo a sua soberania nestas matérias.

 

Uma fonte do governo britânico disse à Sky News que "a oferta que a União Europeia tem em cima da mesa continua a ser inaceitável". O cenário mais provável em cima da mesa continua a ser a inexistência de um acordo.

 

Segundo disse um diplomata da União Europeia ao Financial Times, Bruxelas propôs um mecanismo de equivalência, gerido por um comité conjunto composto por membros da UE e do Reino Unido, com a possibilidade de recorrer para a arbitragem em caso de conflito. Um modelo que o Governo britânico recusa.

 

Boris Johnson pressionado internamente

 

Por fechar está também o segundo principal entrave das negociações: os futuros direitos de pesca da União Europeia em águas britânicas. O Governo fez saber que deu ordens à marinha para se preparar para uma vigilância apertada de forma a impedir a pesca ilegal, caso não exista acordo até ao final do ano.

 

Algumas figuras do Partido Conservador vieram já contestar a atitude de Boris Johnson. Chris Patten, antigo presidente dos Tories, referiu-se ao primeiro-ministro como um "nacionalista inglês". A enorme incerteza que ainda persiste, a três semanas do fim do período de transição do Brexit, também está a ser criticada por líderes empresariais.

 

A União Europeia representa cerca de 47% das exportações britânicas. A ausência de um acordo terá um impacto negativo de 8% no PIB no Reino Unido a longo prazo, segundo um estudo da London School of Economics. Segundo o Banco de Inglaterra, o impacto negativo a longo prazo na economia será maior do que o da pandemia da covid-19.

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