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Von der Leyen avisa que é mais provável não haver acordo no Brexit
A presidente de Comissão Europeia avisou os chefes de Governo dos 27 que é agora mais provável um não acordo de parceria económica e política entre a União Europeia e o Reino Unido.
Depois de Boris Jonhson, agora foi a vez de a presidente da Comissão Europeia baixar ainda mais as expectativas sobre a possibilidade de ser alcançado um acordo que regule a relação entre o Reino Unido e a União Europeia no pós-Brexit.
A mensagem foi transmitida por Von der Leyen aos líderes dos 27 países da União Europeia, que estão reunidos esta sexta-feira no Conselho Europeu presencial em Bruxelas.
De acordo com a Reuters, a presidente de Comissão Europeia avisou os chefes de Governo dos 27 que é agora mais provável um não acordo de parceria económica e política entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido.
Citando fontes oficiais da União Europeia, a Reuters adianta que Von der Leyen falou menos de 10 minutos sobre o tema do Brexit, depois de os 27 terem estado reunidos toda a noite para fechar um acordo sobre as alterações climáticas.
"A situação é dificil. Permanecem muitos obstáculos", disse fonte oficial da UE. "A probabilidade de um não acordo é mais elevada do que existir um acordo", disse a mesma fonte, acrescentando que "resta esperar até domingo para avaliar se ainda é possível".
A mensagem de Von der Leyen vai ao encontro das palavras proferidas ontem pelo primeiro-ministro britânico e que apontam para um divórcio sem acordo.
Boris Johnson disse esta quinta-feira que há "uma forte possibilidade" de que o Reino Unido e a União Europeia não alcancem um acordo para o pós-Brexit e advertiu as empresas e os cidadãos britânicos para se prepararem para esse cenário.
"Existe agora a forte possibilidade de que teremos uma solução muito semelhante à relação da Austrália com a UE, em vez de uma relação como o Canadá com os EUA", referiu o primeiro-ministro britânico numa declaração ao país através da televisão.
O primeiro-ministro britânico sublinhou que Londres está empenhada, mas não a qualquer custo, num acordo, admitindo a possibilidade de se deslocar a Paris ou Berlim até as negociações estarem concluídas.
"Irei a Bruxelas, irei a Paris, irei a Berlim. Irei onde for preciso para regressar a casa com um acordo", disse Jonhson.
As declarações surgem após o jantar de quarta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em que foi fixado um novo prazo limite (o quarto neste processo negocial) para o próximo domingo.
As divergências entre as duas partes centram-se em três temas: o level playing field, a governance e as pescas. Entretanto, já esta quinta-feira, a Comissão Europeia divulgou os planos de contingência para um pós-Brexit sem acordo.
A chanceler alemã já tinha deixado claro que estava preparada para um cenário de não acordo se Londres não aceitar regras concorrenciais equitativas (level playing field). Por seu turno, Boris Johnson, antes de partir para Bruxelas para o encontro de quarta-feira, dizia no parlamento que as condições impostas pela UE eram "inaceitáveis".
Bruxelas exige um mecanismo que assegure que se uma parte elevar os seus padrões em matéria ambiental, laboral ou social, a outra terá de acompanhar para não beneficiar de vantagens competitivas. Londres aceita apenas comprometer-se com o não recuo face aos padrões que sejam fixados.
O acesso dos pesqueiros europeus às águas territoriais britânicas e a forma de resolução de litígios são os outros entraves a um acordo, sem o qual a partir de 1 de janeiro as trocas entre os dois blocos são alvo de tarifas e controlos alfandegários.