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Alemanha anuncia 54 mil milhões para combater emergência climática, mas mantém défice zero
O Governo alemão vai avançar com mais medidas para contrariar as alterações climáticas, anunciou Angela Merkel.
O Governo alemão de coligação entre a CDU (democratas cristãos) e o SPD (sociais-democratas) acordou esta sexta-feira, 20 de setembro, um pacote climático de 54 mil milhões de euros que será implementado até 2023. O acordo ocorre após uma maratona de 16 horas de reuniões do Executivo e no dia em que começa uma greve estudantil por causa da emergência climática.
O pacote envolve fixar um preço para as emissões de dióxido de carbono nos transportes e fornecer incentivos monetários para tecnologias mais limpas. No entanto, o pacote de 54 mil milhões de euros não significará que o rumo das finanças públicas se altere, ou seja, o défice zero alemão é para continuar uma vez que as medidas envolvem mais despesa, mas também mais receita.
Na conferência de imprensa em que fez o anúncio, Angela Merkel disse que a Alemanha tinha aprendido com os desafios que enfrentou para baixar as emissões poluentes nos últimos anos e garantiu que continuará a avaliar o programa para assegurar que o país atinge as metas de redução de dióxido de carbono.
"Nós criámos numerosos incentivos para que as pessoas possam comportar-se de um modo mais responsável a nível ambiental", afirmou Merkel, citada pela Bloomberg, mostrando-se confiante de que é possível atingir as metas a que se propõe.
Enquanto a chanceler falava milhares de manifestantes marchavam em Berlim, Hamburgo, Munique e em cerca de 500 locais na Alemanha sob o movimento "Sextas-feiras para o Futuro". O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, do S&D, admitiu que as manifestações tinham sido uma "chamada de alerta" para o Executivo.
Mais gastos com mais receita garantem défice zero
Ao mesmo tempo que promete incentivos, o Governo alemão assegura que a regra de ouro das suas finanças públicas continuará. O saldo orçamento mantém-se equilibrado, evitando a necessidade de emitir mais dívida pública, uma vez que o custo dos incentivos será compensado pelo rendimento dos certificados de dióxido de carbono. O preço das emissões de dióxido de carbono vão aumentar de 10 euros a tonelada em 2021 para 35 euros em 2025.
Além dessa medida, o Governo alemão pretende encarecer os carros mais poluentes e implementar incentivos para carros elétricos que custem menos de 40 mil euros, acompanhados da expansão das estações de carregamento.
Quanto ao transporte aéreo e ferroviário, a Alemanha irá aumentar os impostos cobrados nas viagens de avião e diminuir o preço dos bilhetes de comboio. O operador público da ferrovia, o Deutsche Bahn AG, vai ter mais mil milhões de euros por ano no capital para fortalecer a infraestrutura ferroviária do país.
No que toca à habitação, o Governo pretende oferecer subsídios e deduções fiscais para instalar novos fornos, janelas e isolamento/aquecimento nas casas alemãs. A partir de 2026, vão ser proibidos os aquecedores a óleo, os quais são muito usados na parte ocidental do território, segundo a Reuters.
A Bloomberg escreve ainda que o plano até 2030 poderá envolver três dígitos de mil milhões de euros. O país prepara-se também para no futuro emitir obrigações verdes (as chamadas "green bonds").
Uma sondagem da estação pública indica que 63% dos alemães acham que o clima é mais importante do que o crescimento económico.