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Alemanha abre portas a estímulos orçamentais caso economia piore
Está mais viva a hipótese de a Alemanha aplicar estímulos no sentido de contrariar os sinais de recessão económica. Um discurso que era afastado pela chanceler e pelo banco central, consta agora de uma comunicação do ministério das Finanças.
A política orçamental alemã pode ser alterada caso as condições económicas se modifiquem e o requeiram, admite o Ministério das Finanças do país.
"Caso exista uma necessidade de proceder a ajustes devido a desenvolvimentos económicos ou fatores externos, decisões serão tomadas no contexto de planeamento do orçamento e tendo em conta o acordo feito pela coligação (governativa)", escreve a delegada do ministério das Finanças germânico, Bettina Hagedorn, numa carta dirigida a um deputado e consultada pela Bloomberg.
Empresários e a classe política têm defendido que o Governo liderado por Angela Merkel aumente a despesa e a emissão de dívida, de forma a contrariar os sinais de recessão que têm vindo a manifestar-se. O debate acerca do orçamento do Estado alemão para 2020 começa esta terça-feira, 10 de setembro.
Em 2019, todos os gabinetes de estatística dos países da União Europeia terão de fazer uma ampla atualização dos seus cálculos. Em Portugal, o INE fará em setembro. Na Alemanha, face à atualização do modelo de cálculo imposto pela UE aos gabinetes de estatística dos estados-membros, foi divulgado que o excedente orçamental do Governo federal foi e é ainda maior do que se calculava anteriormente.
A apontar para um cenário económico mais negativo, e que poderia dar o mote para uma subida dos estímulos, estão os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Esta entidade deteta sinais de enfraquecimento nos próximos seis a nove meses na atividade da zona euro, particularmente na Alemanha, e nos Estados Unidos.
Recentemente, os números das exportações na Alemanha para trimestre que termina em junho mostraram a maior queda em seis anos. O Eurostat confirmou que, muito influenciada pela contração na Alemanha, a economia europeia desacelerou no mesmo período.
Até ao mês de agosto, tanto o banco central germânico como a chanceler alemã afastavam a necessidade de estímulos orçamentais imediatos. Mais recentemente, o Deutsche Bank veio juntar-se ao coro, defendendo que, para já, tais estímulos representariam um "desperdício de dinheiro".