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Acordo fechado: Delfim de Merkel na Comissão Europeia e Lagarde no BCE

Há finalmente acordo para um um novo "pacote" de nomes para os lugares de topo das instituições europeias. O impasse foi ultrapassado com base num acordo do chamado motor da UE: o eixo Paris-Berlim. A antiga delfim de Merkel, Ursula von der Leyen, na Comissão Europeia, e a líder do FMI, Christine Lagarde, no BCE compõem a solução de compromisso.

Lagarde, presidente do BCE

Lagarde, presidente do BCE

Lagarde foi a primeira mulher a assumir a pasta das finanças de um governo francês, foi a primeira mulher a liderar o Fundo Monetário Internacional e agora vai ser também a primeira mulher à frente do Banco Central Europeu. Em 2011, em plena crise da dívida soberana da Europa e já com a Irlanda e a Grécia com programas de assistência financeira, substituiu Dominique Strauss-Kahn, depois de o francês ter sido preso num hotel em Nova Iorque, devido à alegada violação de uma empregada. Lagarde saiu do governo francês de Sarkozy para Washington, tendo o seu mandato sido renovado em 2016. Já não vai cumprir o segundo, que terminava em 2021, pois foi a escolhida pelos líderes europeus para substituir Mario Draghi à frente da presidência do BCE. Será também a primeira mulher a liderar a autoridade monetária europeia, uma instituição que tem tido dificuldades em preencher os cargos de topo com mulheres (existem apenas duas no conselho). Lagarde será também a primeira pessoa que não é economista a liderar a autoridade monetária da Zona Euro. A ausência de experiência na política monetária será um dos seus pontos fracos, mas tem a favor a larga experiência na economia europeia, que continua a precisar dos estímulos monetários para contrariar o período de abrandamento. Presença constante na lista da Forbes das 10 mulheres mais influentes do mundo, Lagarde é uma acérrima defensora do aumento do poder feminino nas principais instituições mundiais. Ficou célebre uma frase que disse no pico da crise financeira: "Se fosse uma Lehman Sisters em vez de uma Lehman Brothers, o mundo poderia ser hoje muito diferente".

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

A candidata à liderança da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem 60 anos e é ministra da Defesa da Alemanha e chegou a ser apontada como delfim da chanceler Angela Merkel e sua potencial sucessora na liderança da CDU. Nascida na Bélgica a 8 de outubro de 1958, cresceu com cinco irmãos e uma irmã. Casada com um médico, manteve a tradição de uma família grande, tem sete filhos. Formou-se em Economia e em Medicina, viveu na Califórnia (EUA) e regressou depois à Alemanha em finais da década de 1990. Entre 2009 e 2013, foi ministra do Trabalho e da Solidariedade.

Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu

Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu

Com 43 anos, o belga Charles Michel foi o nomeado para suceder a Donald Tusk na liderança do Conselho Europeu. Nascido a 21 de dezembro de 1975, é primeiro-ministro interino da Bélgica desde outubro de 2014 e lidera o Movimento Reformador. A ficar com o cargo, será o segundo belga a assumir estas funções, depois de Herman Van Rompuy ter ocupado o cargo em 2007. A sua carreira política tem observado uma ascensão meteórica e com 25 anos já era ministro da Cooperação para o Desenvolvimento, tendo depois chegado à chefia do governo aos 38 anos. Fluente em holandês, "uma qualidade rara entre os políticos francófonos", como sublinha a France24, estudou Direito em Bruxelas e Amesterdão, tendo-se formado como advogado em 1995.

Josep Borrell, Alto Representante da UE para a Política Externa

Josep Borrell, Alto Representante da UE para a Política Externa

 

Josep Borrell Fontelles, atual ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha (corresponde ao ministro dos Negócios Estrangeiros em Portugal), é o candidato a Alto Representante da UE para a Política Externa. Entre 2004 e 2007 presidiu ao Parlamento Europeu, e em Espanha foi também ministro, em dois mandatos diferentes, das Obras Públicas e Transportes. Com 72 anos feitos a 24 de abril, cresceu em La Pobla de Segur, onde o seu pai possuía uma pequena padaria. Começou por estudar contabilidade industrial em Barcelona, mas largou o curso para seguir engenharia aeronáutica na Universidade Técnica de Madrid. Membro do PSOE, Borrell também exerceu funções no Ministério espanhol da Economia, onde teve a seu cargo o pelouro da política orçamental.

David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu

David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu

Aos 63 anos de idade, David Sassoli é o candidato dos Socialistas & Democratas à presidência do Parlamento Europeu. Depois de ainda muito jovem ter iniciado a carreira como jornalista, tendo passado pelo Il Giorno e pela Tg3. Também trabalhou na Rai Uno (e Rai Due) e na TG1, estação da qual foi diretor a partir de 2007.

 

Membro do Partido Democratico (PD, centro-esquerda) foi pela primeira vez eleito como eurodeputado nas europeias de 2009 para chefiar a delegação do partido. Reeleito em 2014, assumiu uma das 14 vice-presidências do Parlamento Europeu e tutelou a pasta da política do Mediterrâneo e orçamento.

 

Durante a juventude participou em diversos movimentos de jovens católicos.

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Já há acordo para superar o impasse na definição dos lugares de topo de União Europeia e, como tantas outras vezes na história comunitária, é o eixo franco-alemão que surge como motor do desbloqueio.

 

São dois os principais nomes que dão forma à solução que obteve luz verde dos líderes europeus em Bruxelas: a alemã Ursula von der Leyen será a próxima líder da Comissão Europeia e a francesa Christine Lagarde vai substituir Mario Draghi no Banco Central Europeu.

A notícia foi avançada primeiro pelo primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, na sua conta oficial do Twitter.


Também o atual presidente do Conselho Europeu confirmou a notícia. "O Conselho Europeu alcançou um acordo para a liderança futura das instituições europeias", disse Donald Tusk.

Acabou por ser a solução que começou a circular ao início da tarde em Bruxelas que vingou, tendo a particularidade de colocar duas mulheres em dois dos principais lugares de topo da União Europeia.


A primeira é ministra da Defesa, tendo mesmo sido a primeira mulher a ocupar o cargo na Alemanha, e chegou a ser apontada como delfim da chanceler Angela Merkel e sua potencial sucessora. A segunda é diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi ministra das Finanças de França.

O PPE, que presidiu à Comissão ao longo dos últimos 15 anos e que venceu as eleições europeias de maio, retém assim o mais "desejado" dos cargos em negociação, que pela primeira vez será ocupado por uma mulher. Os líderes europeus voltam assim a "passar por cima" dos candidatos oficiais das várias famílias políticas europeias, optando por uma solução "extrerna".
 

Depois do Conselho Europeu inconclusivo de há duas semanas e de a solução de Osaka (acordada à margem da cimeira do G20 deste fim de semana) ter sido chumbada na cimeira europeia extraordinária desta segunda-feira, Merkel e o presidente gaulês, Emmanuel Macron, colocaram as diferenças de lado para se realinharem numa solução de compromisso capaz de assegurar apoio abrangente junto dos restantes Estados-membros.

 
Charles Michel no Conselho Europeu

Na cimeira extraordinária de hoje ficou ainda decidido que o belga Charles Michel ficará com a liderança do Conselho Europeu, enquanto Josep Borrell será o Alto Representante da UE para a Política Externa. A Bélgica repete a liderança do Conselho Europeu, depois de von Rompuy ter ocupado o cargo quando Durão Barroso era presidente da Comissão Europeia.


Os países de Visegrado (Hungria, Polónia, Chéquia e Eslováquia), juntamente com Itália e com os líderes dos governos conservadores da Irlanda, Croácia, Roménia e Letónia, tinham chumbado o "pacote" saído de Osaka que consistia na atribuição da Comissão Europeia ao candidato preferencial da família europeia socialista (S&D), o holandês Frans Timmermans.

 

Tendo em conta a necessidade de garantir o equilíbrio de representação entre as principais famílias políticas europeias, entre países grandes e pequenos, norte/sul, leste/oeste, e de género, o duo que, antes do afastamento dos últimos meses, chegou a ser apelidado de "Merkron" apontou o primeiro-ministro liberal da Bélgica, Charles Michel, para líder do Conselho Europeu e o socialista Josep Borrell (ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha) para Alto Representante da UE para a Política Externa.

Os socialistas ficam assim apenas comum destes quatro cargos de topo na União Europeia e um dos menos relevantes. Em jeito de compensação, Frans Timmermans será o primeiro vice-presente da Comissão Europeia, ficando com a pasta da economia.

Estreias femininas no BCE e Comissão Europeia


Lagarde será a primeira mulher a liderar o BCE, que já teve um francês como presidente (Jean-Claude Trichet). Com 63 anos, será também a primeira pessoa que não é economista a liderar a autoridade monetária da Zona Euro. Antes de assumir a liderança do FMI (também foi a primeira mulher neste cargo), Lagarde foi ministra das Finanças de França. Está desde 2011 no FMI e o mandato na instituição com sede em Washington só termina em 2021.   

Lagarde já reagiu a esta nomeação, anunciando que, após consultar o comité de ética do conselho executivo do FMI, decidiu suspender as suas funções de liderança do Fundo enquanto decorrer este período de nomeação à presidência do BCE. 

Mais tarde, o conselho executivo do FMI emitiu um comunicado dizendo aceitar a decisão de Lagarde de deixar as suas funções durante o período de nomeação, sendo a diretora-geral substituída pelo seu vice, David Lipton.


O BCE é uma instituição que atualmente tem apenas duas mulheres entre os 25 membros do seu corpo máximo, o conselho de governadores.

Von der Leyen será também a primeira mulher a liderar a Comissão Europeia, que é o braço executivo da União Europeia.

Desejos (essencialmente) satisfeitos

Esta solução permitirá a Merkel cumprir o objetivo de ter um de dois cargos relevantes no quadro comunitário, a liderança da Comissão ou do BCE (a escolha do sucessor de Mario Draghi coincide, em 2019, com a escolha dos restantes lugares de topo).

 

Desta forma a chanceler garante a presidência da Comissão Europeia para uma alemã da sua família política, evitando assim prováveis confrontos dada a forte oposição à possibilidade alemã para o BCE, o atual líder do Bundesbank (Wens Weidmann).

 

Por outro lado, Macron terá uma francesa à frente do BCE, pese embora Lagarde seja mais próxima dos conservadores (foi ministra de François Sarkozy) do que dos liberais onde está integrado o partido do presidente gaulês.

Em Bruxelas, os líderes europeus e chefes de Estado fecharam o acordo perto do final do prazo. As famílias políticas europeias têm até às 22:00 de hoje para avançarem os respetivos candidatos à liderança do Parlamento Europeu que, por sua vez, se reúne esta quarta-feira a partir das 9:00 para essa eleição. 

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