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Lagarde a caminho do BCE. Quem a sucede no FMI?

Com a quase certa saída de Christine Lagarde do Fundo Monetário Internacional (FMI), começa a especulação sobre quem a vai suceder.

04 de Julho de 2019 às 15:22
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A nomeação de Christine Lagarde para a presidência do Banco Central Europeu (BCE) a partir de novembro - que ainda terá de ser confirmada - abre a corrida à liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), organismo que a francesa liderava desde 2011 e no qual tinha mandato até 2021. Os últimos 70 anos levam a presumir que o próximo diretor-geral do FMI será europeu, mas os EUA podem questionar a tradição. 

Desde o pós-segunda guerra mundial que a União Europeia e os Estados Unidos têm um acordo não escrito sobre a correlação de forças no FMI (líder europeu) e no Banco Mundial (líder norte-americano), duas instituições que nasceram em 1945 e 1944, respetivamente. 

Donald Trump nomeou em abril deste ano o norte-americano David Malpass para o Banco Mundial sem oposição europeia, o que dá pouco espaço para os EUA reclamarem o lugar cimeiro do FMI, no qual são o maior contribuidor. Mas o historial controverso do presidente norte-americano deixa em aberto uma possível rotura deste acordo transatlântico. 

O próximo diretor-geral do FMI - cujo principal papel passa por ajudar financeiramente os países em risco de incumprimento - terá de lidar com a crise económica na Argentina, na Venezuela e na Turquia, assim como na dificuldade de funcionamento do multilateralismo que Trump tem contornado. O mandato de Christine Lagarde tem sido elogiado, apesar das críticas à austeridade aplicada na Europa, pelo que a expectativa é elevada.

Em termos formais, a escolha do sucessor de Lagarde caberá ao conselho de administração composto por 24 membros. Apesar de os EUA darem o maior contributo financeiro ao FMI e, por isso, terem a maior percentagem de votos, os países europeus em conjunto têm uma força maior do que Washington. No passado, foi possível reunir consenso à volta de um nome. Segundo o The New York Times, Lagarde foi escolhida num processo de seis semanas, mas desta vez a relação entre UE e os EUA é pior. 

Lista de possíveis candidatos já é longa
Apesar de ainda faltar cerca de quatro meses até a francesa sair de Washington e aterrar em Frankfurt, são já muitos os nomes que já se falam como possíveis candidatos ao lugar.

Um dos nomes que circula é do ex-ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, que, segundo a Bloomberg, que cita fonte familiar com o processo, está a ponderar atirar-se à corrida, o que já levou a críticas internas em Londres. A seu favor tem o facto de nenhum britânico ter estado na liderança do FMI e ainda o seu apoio declarado a Boris Johnson, que deverá tornar-se primeiro-ministro nas próximas semanas.

Mas há outro britânico, nascido no Canadá (e com passaporte irlandês), que está a ser referido na imprensa internacional como um dos candidatos mais fortes: Mark Carney, o atual governador do Banco de Inglaterra, que deverá abandonar o banco central em janeiro do próximo ano. De acordo com o site de apostas Betway, citado pela Bloomberg, Carney é o favorito à liderança do FMI.

Do lado europeu, a Bloomberg avança com alguns nomes daqueles que "perderam" a nomeação para o BCE. É o caso do governador do Bundesbank, Jens Weidmann, que já foi economista no FMI, e também de Olli Rehn, governador do banco central da Finlândia. Os ex-primeiros-ministros Alexander Stubb, Jyrki Katainen (Finlândia) e Helle Thorning-Schmidt (Dinamarca) também podem ser nomes a considerar.

O New York Times refere os nomes de Tharman Shanmugaratnam, de Singapura, que foi chairman do International Monetary and Financial Committee; de Agustín Carstens, atual governador do Banco do México e ex-subdiretor do FMI, que em 2011 foi apontado como sucessor de Dominique Strauss-Kahn; e ainda de Mohamed El-Erian, ex-CEO da Pimco, ou do ex-governador do Banco da Índia, Raghuram Rajan.

Com o reforço do poder económico das economias emergentes, em especial da China e da Índia, a pressão para que seja escolhido um diretor desses países tenderá a aumentar, o que poderá complicar as contas no conselho de administração do FMI. 

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