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Vaga de refugiados abre espaço a instabilidade política

Angela Merkel avisara que a vaga de refugiados que está a chegar à Europa seria o maior teste aos seus valores e integridade. Os acontecimentos têm-lhe dado razão. E na ausência de uma política comum de imigração e asilo, Schengen pode ser a primeira vítima.

28 de Janeiro de 2016 às 15:42
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Grécia arrisca sair de Schengen
Não obstante ter descumprido muitas das suas regras e estar no terceiro resgate, a Grécia permanece no euro, mas talvez não consiga permanecer no Espaço Schengen. O aviso voltou ontem a ser lançado por Bruxelas que considera que as autoridades gregas não estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para cumprir as suas obrigações no controlo das suas fronteiras - que são também fronteira externa de Schengen -, ao mesmo tempo que rejeitam que essa função seja exercida por técnicos de outros países.

Áustria limita pedidos de asilo
O primeiro-ministro austríaco anunciou  na semana passada que o país vai impor um limite ao número de pedidos de asilo que irá anualmente processar. Segundo Werner Faymann, esse número ficará limitado ao equivalente a 1,5% da população austríaca ao longo dos próximos quatro anos. Numa altura em que os países da União Europeia continuam divididos sobre um sistema que quotas perene, "não podemos ter todos os requerentes de asilo na Áustria ou na Alemanha ou na Suécia" e "temos também de reforçar fortemente os controlos nas nossas fronteiras", argumentou. Esse novo limite significa que, neste ano, a Áustria poderá receber 37.500 mil refugiados, número que descerá para 35 mil em 2017, 30 mil em 2018 e 25 mil em 2019. Em 2015, a administração austríaca processou cerca de 90 mil pedidos, número equivalente a mais de 1% da população.

"Portas abertas" pode fazer cair Merkel?
Angela Merkel, tem, até agora, defendido uma política de portas abertas para quem fogem de conflitos, mas perante a chegada de um milhão de refugiados em 2015 também já disse que esse ritmo tem de ser fortemente reduzido no futuro. O seu porta-voz, Steffen Seibert, não quis comentar o plano austríaco, argumentando que "o governo alemão ainda favorece uma solução europeia comum, que aborda as causas da migração, a fim de reduzir o número de refugiados significativa e visivelmente." Mas o presidente do país tem uma opinião distinta.  "Os democratas não quiserem falar sobre limites, os populistas e os xenófobos vão ganhar terreno", disse Joachim Gauck Presidente da Alemanha, alegando, no rescaldo dos atentados contra mulheres em Colónia,  que "a estratégia de limitação pode mesmo ser tanto moral como politicamente necessária a fim de preservar a capacidade do Estado funcionar". A CSU da Baviera, partido "irmão"  da CDU Merkel, ameaça recorrer à justiça para travar a política de portas abertas da chanceler. Se isso acontecer, a coligação governamental, que resistiu ao tão polémico terceiro resgate à Grécia, pode perigar.


Primeira baixa no governo francês

Christiane Taubira, ministra da justiça nascida na Guiana francesa, demitiu-se do cargo nesta quarta-feira. É uma primeira vítima política da combinação explosiva que se revelou dramaticamente nos atentados de Paris entre terroristas filhos de imigrantes e com nacionalidade francesa e alegados refugiados. O anúncio da sua demissão surge quando o parlamento se prepara para analisar uma reforma constitucional controversa que, caso se torne efectiva, permitirá que seja retirada a cidadania francesa, em determinadas circunstâncias, a pessoas condenadas por terrorismo. Taubira, que sempre mostrou reservas em relação a esta reforma, escreveu no Twitter: "Por vezes resistir é ficar, por vezes resistir é partir". 

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