Notícia
Ucrânia inicia conversações para perdão de dívida
Kiev inicia esta sexta-feira conversações com os credores com o objectivo de conseguir um "haircut" de pelo menos 50% da actual dívida. Depois de assegurar um novo financiamento do FMI, a Ucrânia pretende garantir a sustentabilidade de uma dívida que se avolumou com a crise militar no leste do país.
A Ucrânia deverá iniciar conversações, esta sexta-feira, 13 de Março, com os credores no sentido de garantir um perdão de dívida. Segundo a notícia avançada pelo Financial Times (FT), Kiev pretende conseguir um "haircut" de pelo menos 50% da dívida total, sendo que a posição da Rússia poderá ser um entrave à concretização deste objectivo.
Apesar das debilidades endémicas da economia ucraniana, a anexação da península da Crimeia por Moscovo em Março do ano passado, e o início, no mês seguinte, dos confrontos militares na região do Donbass, no leste do país, com as forças separatistas pró-russas, provocaram uma deterioração acelerada das condições económicas do país.
Todavia, a Rússia é um dos países que possui mais obrigações de dívida ucraniana, não sendo muito habitual que dois países que se encontrem em plena contenda consigam alcançar um acordo ao nível económico.
Moscovo tem, inclusivamente, dificultado a vida à Ucrânia no que diz respeito à política de preços no abastecimento de gás natural, tendo mesmo chegado a cortar o fornecimento em mais do que uma ocasião devido à não concretização, por parte de Kiev, do pagamento dos valores em dívida à estatal russa Gazprom.
Esta quarta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um novo financiamento de 15,5 mil milhões de euros à Ucrânia, tendo o organismo tutelado por Christine Lagarde exigido em troca um reforço do plano reformista. O FMI já alertou, em ocasiões anteriores, para o facto de as autoridades de Kiev não estarem a avançar suficientemente com as reformas preconizadas aquando da libertação do primeiro apoio externo do FMI há quase um ano.
Alexander Valchyshen, líder do Investment Capital Ukraine, refere, citado pelo FT, que os credores privados deverão ter de aceitar um "haircut" de 40% a 60% e ainda uma redução da taxa de juro referente aos pagamentos de Kiev de 4%.