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Putin e Erdogan acordam reforço de laços entre Ancara e Moscovo

No primeiro encontro entre os dois presidentes desde o abate de um avião militar russo pelo exército turco em Novembro do ano passado, Putin e Erdogan decidiram reforçar a cooperação económica e incrementar os laços bilaterais.

Reuters
09 de Agosto de 2016 às 15:12
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Numa reunião que decorreu em São Petersburgo esta terça-feira, 9 de Agosto, os presidentes da Rússia e da Turquia, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, respectivamente, acordaram não apenas uma normalização das relações bilaterais entre Moscovo e Ancara, como um reforço das mesmas.

 

No primeiro encontro entre Putin e Erdogan desde que em Novembro de 2015 as forças turcas abateram um avião militar russo junto à fronteira turco-síria, o presidente turco fez questão de agradecer a chamada telefónica do seu homólogo russo instantes depois das notícias sobre a intentona. Esta foi também a primeira visita ao estrangeiro do presidente turco desde a falhada tentativa de golpe de Estado no país.

 

Ainda antes de iniciar o encontro com Erdogan, Vladimir Putin disse esperar que as autoridades turcas possam restabelecer a ordem no país o mais rápido possível e considerou esta visita uma oportunidade, "apesar da situação política doméstica", para "iniciar o nosso diálogo e restaurar as nossas relações". No fundo, disse Putin a Erdogan, "a prioridade é regressar aos níveis de cooperação pré-crise".

 

Putin recuperou ainda a questão da mudança de regime na Ucrânia, em que o Kremlin mantém a oposição ao presidente ucraniano, Petro Poroshenko, sustentando que chegou ao poder na sequência de um golpe de Estado inconstitucional e ilegítimo, para apoiar Erdogan face à tentativa de deposição. Desta vez para dizer "outra vez que a nossa posição de princípio é a de que somos sempre categoricamente contra quaisquer acções inconstitucionais".

 

Já Erdogan preferiu falar na abertura de um novo capítulo nas relações entre Ancara e Moscovo, afiançando que a Turquia está a entrar "num muito diferente período" no que às relações com a Rússia diz respeito. Erdogan revelou que a Turquia está disponível para acelerar o projecto Turquish Stream, o gasoduto através do qual Moscovo quer exportar gás natural para a Europa Central e do Sul, um projecto que, por exemplo, reforça a pressão moscovita sobre a Ucrânia. Depois dos entraves colocados pela União Europeia à passagem deste gasoduto pela Bulgária, as negociações entre Moscovo e Ancara em torno do South Stream têm sofrido avanços e recuos. 

 

Numa altura em que a União Europeia tem criticado a purga levada a cabo pelo regime turco para "cortar pela raiz" os opositores do regime, e em que a ligação da Turquia à NATO surge fragilizada pelo degradar das relações entre Ancara e Washington, as palavras do presidente turco podem provocar algumas dúvidas sobre o alcance das mesmas. É que o reforço da liderança de Erdogan, verificado na sequência do golpe de Estado falhado, alarga a margem de manobra do presidente turco, cada vez mais distante dos ideais europeus e mais próximo do nacional-autoritarismo de Putin.

 

Ainda assim, este novo "período" vai passar, desde já, pelo levantamento gradual das sanções económicas (essencialmente aplicadas aos sectores agrícola e turístico turcos) aplicadas pela Rússia à Turquia no seguimento do incidente com o avião militar russo. Segundo adianta a BBC, deverá haver um reforço dos laços económicos, mas também das relações diplomáticas. Putin revelou que o "combate ao terrorismo" será um dos temas em que Moscovo e Ancara irão trabalhar de forma mais próxima.

 

Esta é uma área sensível, especialmente porque apesar do objectivo comum de combate ao autodenominado Estado Islâmico (EI), a Rússia e a Turquia têm interesses opostos no que ao futuro da Síria concerne. Moscovo apoia a continuidade do regime do presidente Bashar al-Assad e a Turquia tem apoiado as forças rebeldes sunitas que pretendem derrubar Assad.

Este reaproximar de relações começou a ser desenhado quando, no final de Junho, a Turquia pediu desculpa pelo abate do avião, pedido que permitiu às autoridades russa e turca anunciarem a preparação de um encontro ao mais alto nível. Dois dias depois o Kremlin já confirmava estar a ser preparado um encontro entre Putin e Erdogan (que acabou por ser adiado devido à tentativa de golpe de Estado) com vista ao normalizar das relações. 

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