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Parlamento sueco rejeita candidato a primeiro-ministro pela primeira vez em 40 anos

O candidato a primeiro-ministro pelo centro-direita foi rejeitado pelo parlamento da Suécia, deixando o país num impasse devido à incapacidade para formar um governo resultante das eleições de 9 de Setembro. Novas eleições é cenário que ganha força.

EPA
14 de Novembro de 2018 às 13:39
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O parlamento sueco (Riksdag) rejeitou esta quarta-feira, 14 de Novembro, a candidatura a primeiro-ministro do líder do Partido Moderado (centro-direita), Ulf Kristersson (na foto), mantendo o bloqueio político vigente desde as eleições gerais de 9 de Setembro.

O candidato obteve 154 votos favoráveis e 195 contra, num parlamento composto por 349 assentos. Da Aliança de centro-direita que se apresentou às eleições de Setembro, Kristersson recolheu apenas o apoio do seu partido (Moderados) e dos Democratas-Cristãos, com o Centro e os Liberais a rejeitarem votar ao lado da extrema-direita (Democratas Suecos).

Também o bloco do centro-esquerda (Partido Social-Democrata, Verdes e Partido da Esquerda) rejeitou a candidatura de Ulf Kristersson a primeiro-ministro.

A líder do Centro, Annie Lööf, considera que o seu partido não poderia integrar ou apoiar um governo minoritário que seria também sustentado, no parlamento sueco, pela extrema-direita. Na mesma linha, o líder dos Liberais, Jan Björklund, justificou a rejeição por considerar que a capacidade legislativa do governo seria demasiado dependente dos Democratas Suecos.

De acordo com o Politico, que cita declarações reproduzidas pelo Aftonbladet, Ulf Kristersson admite que esta "é a mais séria crise" enfrentada pela Aliança (bloco de centro-direita sueco). No entanto, esta é também a mais série crise política que a Suécia enfrenta nos últimos 50 anos.

Desde 1971, ano em que o parlamento sueco passou a ser composto apenas por uma câmara (unicameral), nunca um candidato a primeiro-ministro havia sido rejeitado no Riksdag.

Facto ainda mais relevante tendo em conta o sistema político sueco, que funciona com base num parlamentarismo negativo que facilita a formação de governos.

Isto porque tecnicamente um governo ou candidato a primeiro-ministro não precisam recolher a maioria dos votos, bastando que não exista uma maioria que os rejeite. No limite, um primeiro-ministro pode tomar posse com uma maioria de abstenções.

A bola passa agora novamente para as mãos do líder do parlamento, Andreas Norlén (Partido Moderado), que tem ainda mais três oportunidade para propor um candidato a chefe de governo. Se ao cabo de quatro tentativas falhadas não tiver sido formado governo, são convocadas eleições antecipadas.

Desta forma, o líder dos sociais-democratas, Stefan Löfven, que encabeçava o campo de centro-esquerda que venceu as últimas eleições gerais, vai continuar a ser primeiro-ministro interino do governo ainda em funções.

Logo em Setembro e na sequência dos resultados eleitorais inconclusivos que reforçaram sobretudo a extrema-direita, Löfven perdeu o voto de confiança que teve lugar no parlamento, tornando-se no primeiro chefe de governo sueco a ser derrubado desta forma. Nessa altura, a extrema-direita juntou-se ao conjunto do centro-direita para derrotar Stefan Löfven. 

Impasse para durar

O líder do parlamento terá agora de encetar novas conversações com os partidos que têm assento parlamentar. Depois de Centro e Liberais (duas forças de centro-direita) terem ajudado à queda de Lofven, o ainda primeiro-ministro tem tentado assegurar o apoio destas forças, até agora sem sucesso. Por outro lado, estes partidos recusam apoiar qualquer governo que seja também apoiado pela extrema-direita.

Outra possibilidade seria juntar os dois maiores partidos suecos, contudo tanto Lofven como Kristersson rejeitam qualquer cenário que passe pela governação conjunta.

É este conjunto de factores que torna cada vez mais provável a realização de novas eleições num país habituado à estabilidade política. Teme-se que esta incerteza e a incapacidade de entendimento revelada pelos partidos considerados moderados provoque o reforço da votação dos Democratas Suecos caso sejam realizadas eleições antecipadas.

Com a legitimidade diminuída, a Reuters escreve que o governo em funções apresenta esta quinta-feira um orçamento para 2019 que congela nova despesa pública.

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