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Merkel diz-se pronta para ser candidata em novas eleições

Numa entrevista ao canal público alemão ARD, Angela Merkel disse que está "muito céptica" quanto à ideia de formar um governo minoritário.

Reuters
20 de Novembro de 2017 às 17:21
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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse hoje que está pronta para ser candidata a novas eleições, cenário que prefere ao de formar um governo minoritário, se não for possível uma coligação de governo.

 

Numa entrevista ao canal público alemão ARD, Angela Merkel disse que está "muito céptica" quanto à ideia de formar um governo minoritário.

 

"Os meus planos não incluem um governo minoritário. Não quero estar hoje a dizer 'nunca', mas estou muito céptica e penso que a melhor maneira seria fazer novas eleições", disse.

 

A União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, que venceu as legislativas sem maioria, com 33%, viu o seu anterior parceiro de governo, o Partido Social-Democrata (SPD, 21,5%) recusar uma nova coligação, e iniciou conversações com o Partido Liberal (FDP, 10,7%) e com os Verdes (8,9%), mas, no domingo, os liberais anunciaram que abandonam as negociações.

Três opções

 

Já se sabia que seria difícil formar a inédita coligação Jamaica (assim chamada porque as cores dos partidos são as mesmas da bandeira jamaicana), juntando a aliança democrata-cristã (CDU de Merkel e o partido-irmão da Baviera, a CSU) ao FDP (liberais) e aos Verdes, contudo o mês de conversas exploratórias não só não permitiu aproximar posições, acabou por sublimar as diferenças.

Foi o que realçou o líder liberal Christian Lindner, que ao bater a porta na última madrugada sinalizando "inúmeras contradições" entre as quatro forças políticas, garantiu que as últimas horas de conversações levaram a "revezes" negociais.

Merkel considerou "lamentável" a saída do FDP que colapsou as negociações do que poderia ter sido um "dia histórico". Na quinta-feira passada, data-limite informal imposta pela própria chanceler para a conclusão das negociações exploraórias, Merkel, que ainda em Setembro disse acreditar numa solução governativa antes do final de 2017, mostrava-se optimista quanto a um desfecho positivo. Porém, tal não se verificou e sexta-feira as negociações foram retomadas num ambiente de menor optimismo.

Esta madrugada a chanceler reconheceu que a migração foi a "questão central" que travou um acordo mas o clima e o peso financeiro do apoio aos países de Leste, segundo escreve a Der Spiegel, continuaram a constituir entraves sensíveis.

O presidente da Alemanha, o social-democrata Steinmeier, tem a palavra final, podendo convidar Merkel a formar um governo minoritário, cenário nunca visto desde 1949, ou instar a líder da CDU a nova insistência negocial. A chanceler, que confirmou que para já permanecerá como líder de um governo em gestão, com base na grande coligação com o SPD, ficou limitada a três opções.

Merkel poderá tentar reeditar a aliança com os social-democratas, cenário improvável tendo em conta que o pior resultado de sempre do SPD nas eleições de Setembro levou Martin Schulz a colocar de parte uma nova coligação com a CDU. Schulz posicionou o partido como a maior força da oposição, também para evitar deixar esse papel à extrema-direita (AfD), que entrou no Bundestag pela primeira vez desde a Segunda Guerra.

 

A segunda opção passa por governar em minoria, com base na aliança democrata-cristã CDU-CSU ou incluindo os Verdes na coligação, o que ainda assim não permitiria obter suporto maioritário no Bundestag.


Uma terceira e última opção passa pela convocação de eleições antecipadas, algo que também nunca aconteceu desde 1949, que ao que tudo indica decorreriam na próxima Primavera.

Contudo, este parece ser o cenário a evitar, não só porque as eleições federais de Setembro implicaram uma importante quebra do "centrão" (CDU e FDP) e uma importante subida da AfD, mas porque também mostraram que na Alemanha se fez sentir a tendência de reforço eleitoral de forças anti-sistema acompanhada da perda de expressão dos partidos considerados moderados.

A realização de novas eleições poderia reforçar uma ou ambas as tendências, o que reforça as duas primeiras opções como as mais viáveis. Habitualmente elogiada pela capacidade negocial e por ser capaz de, à última hora, apresentar uma solução capaz de ultrapassar diferenças aparentemente insanáveis, Angela Merkel terá a última palavra, embora numa posição de fragilidade raras vezes experimentada pela chanceler. O tempo escasseia. 

Steinmeier pede regresso à mesa de negociações

Depois de ouvir Merkel comunicar formalmente o colapso das negociações, o presidente alemão fez uma declaração aos alemães em que instou os partidos com assento parlamentar a retomarem o diálogo para encontrarem uma solução em nome do interesse germânico.

"Todos os partidos políticos eleitos para o parlamento germânico têm a obrigação para com o interesse comum de servir o nosso país", declarou Steinmeier que disse esperar "prontidão" das forças políticas para encontrarem uma solução "no futuro próximo".

 

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Merkel lembrou ainda que a incapacidade dos partidos em forjarem uma coligação seria incompreensível tanto para os alemães como para o conjunto dos europeus.

 

No entanto, não obstante a posição de Steinmeier, tanto o SPD  como os Verdes já vieram a terreiro defender a realização de eleições antecipadas. "Não temos medo de repetir as eleições", afirmou o líder social-democrata, Martin Schulz, para quem um governo minoritário não é uma opção válida.

 

Também a líder dos ambientalistas, Katrin Göring-Eckardt, prefere um novo acto eleitoral na próxima Primavera. Pelo seu lado, o co-líder do AfD, Alxander Gauland, exige a demissão de Merkel. O FDP ainda não tornou pública a sua intenção.

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