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Medidas de Macron custam 10 mil milhões. Défice sobe para 3,4%
As medidas anunciadas ontem pelo presidente francês custam 10 mil milhões de euros aos cofres do Estado. O défice orçamental de 2019 vai aumentar de 2,8% para 3,4%.
O ministro francês do Orçamento, Gérald Darmanin, anunciou esta terça-feira, 11 de Dezembro, no Parlamento, que as medidas anunciadas por Emmanuel Macron, na segunda-feira, custam 10 mil milhões de euros, o que implica mais 0,6 pontos percentuais de défice orçamental. Desta forma, o défice aumentará de 2,8% para 3,4% no próximo ano, ultrapassando o limite definido pelas regras europeias de 3%.
Segundo a Bloomberg, que cita Darmanin, a nova estimativa do défice é de 2,5%, mais um one-off de 0,9 pontos percentuais de um crédito fiscal com autorização das instituições europeias. Em causa está um crédito fiscal para a competitividade e emprego que reduz os impostos das empresas sobre a remuneração do trabalho. Por questões contabilísticas e temporais, a transição deste crédito numa redução permanente faz com que o défice de 2019 seja duplamente penalizado (há créditos de anos transactos), mas esse efeito não é duradouro.
Também no Parlamento francês, o primeiro-ministro Édouard Philippe admitiu que as medidas vão ter consequências no défice de 2019. Mas garantiu que o Executivo tomará medidas para conter a aceleração da despesa pública.
2019 ia ser o primeiro ano em que todos os países da Zona Euro iam ter um défice inferior a 3%, mas França estragará assim esse feito. Além disso, o agravamento do défice francês, ainda que com um efeito one-off, pode causar ruído no braço de ferro entre Bruxelas e Itália. "A despesa de Macron vai encorajar Salvini e Di Maio", antecipa Giovanni Orsina, professor na Universidade Luiss-Guido Carli em Roma, à Bloomberg.
O vice-primeiro-ministro italiano, Di Maio, já comentou o caso, citado pelo Financial Times, referindo que "se as regras se aplicam a todos", França tem de ser alvo das mesmas ameaças que Itália tem sido.
Os juros da dívida francesa a 10 anos estão a subir 1,9 pontos base para os 0,713%.
(Notícia actualizada pela última vez às 16h26)