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Juros da dívida grega em máximos de Agosto em clima de confrontos, recessão e avisos

A taxa de juro da dívida grega a 10 anos já esteve no valor mais elevado desde 10 de Agosto, véspera do acordo alcançado com a troika. Protestos, confrontos, avisos do FMI e de Bruxelas e o regresso à recessão técnica pressionam Atenas.

Reuters
12 de Fevereiro de 2016 às 15:17
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A Grécia vive novamente dias turbulentos. Esta sexta-feira, 12 de Fevereiro, dia em que decorre uma manifestação de agricultores contra o aumento da carga fiscal sobe o sector, o que já provocou confrontos com a polícia de choque, e em que passou a ser oficial a entrada do país em recessão técnica, a dívida pública helénica está novamente em níveis pré-acordo com a troika.

 

Apesar de estar neste momento a recuar 4,2 pontos base para 11,53%, a "yield" associada às obrigações da dívida pública grega com maturidade a 10 anos já esteve, durante a manhã, em máximos de 10 de Agosto passado, precisamente na véspera do acordo alcançado entre Atenas e as instituições da troika - Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu - para um terceiro resgate ao país no espaço de cinco anos.

 

Nessa altura, foi uma maratona negocial de quase 24 horas a colocar um ponto final à incerteza em torno do futuro da Grécia, quando se adensava a possibilidade de o país abandonar o euro (Grexit) após longos meses de indefinição e quando Atenas estava prestes a falhar um reembolso ao BCE, isto depois de ter falhado um pagamento ao FMI.

 

Agora a realidade não parece muito melhor para o país. A Grécia está oficialmente em recessão técnica, depois de a economia ter contraído dois trimestres consecutivos. O PIB grego encolheu 0,6% no último trimestre de 2015, isto depois de já caído 1,4% entre Julho e Setembro, altura que ficou marcada não apenas pelas negociações para um resgate que poderá atingir os 86 mil milhões de euros, mas também pela demissão do Governo de Alexis Tsipras e pelo agendamento de novas eleições gerais, as segundas no espaço de meio ano, que viriam a determinar nova vitória do Syriza.

 

Neste retomar de incerteza, o índice bolsista de referência grego, o FTASE, depois de já ter vindo a negociar em mínimos históricos nos últimos dias, e apesar de hoje valorizar mais de 2,5%, acumula uma desvalorização superior a 66% desde o início de 2016, pressionado essencialmente pelo sector financeiro helénico.

 

Ainda na semana passada, a Comissão Europeia instou o Executivo de Tsipras a adoptar medidas adicionais nos Orçamentos para 2016 e 2017, de forma a alcançar as metas de excedentes orçamentais primários de 0,5% do PIB este ano, e de 1,75% do produto no próximo ano.

 

E na última quinta-feira, Poul Thomsen, chefe do departamento europeu do FMI, alertou para a possibilidade de a ameaça de Grexit poder vir a pairar novamente sobre a Grécia se Atenas não for capaz de, efectivamente, implementar as reformas previstas no memorando de entendimento.

 

Thomsen falava em concreto da reforma do sistema de pensões helénico, uma prioridade definida pelo FMI logo aquando do resgate concedido à Grécia em 2010. Em 2015, o governo helénico recorreu a 22,7% do seu produto para tapar o buraco registado no sistema de pensões.

 

O FMI volta ainda a avisar para a premência de a dívida pública grega ser aliviada, intenção que também não é uma novidade, sabendo-se que a instituição liderada por Christine Lagarde faz depender a participação financeira no actual programa de assistência financeira à Grécia do necessário "alívio de dívida que permita à dívida helénica tornar-se sustentável".

A dificultar a capacidade da Grécia para retomar o crescimento económico, cenário projectado pela Comissão Europeia que acreditava, em 2014, que 2015 seria o regresso ao crescimento do PIB helénico, estão as crises migratória e dos refugiados que assolam o país. Esta sexta-feira, a União Europeia reiterou a ameaça de expulsão da Grécia do Espaço Schengen se, nos próximos três meses, as autoridades gregas não forem capazes de pôr em prática um conjunto de 50 medidas de gestão dos refugiados que têm por objectivo assegurar o normal funcionamento de Schengen.

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