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Guerra comercial leva à maior retirada dos fundos de investimento em quase 5 anos

A tensão comercial alimentada por Donald Trump está a afectar os investidores. Os fundos de investimento na Europa viram grande parte do dinheiro ser retirado uma vez que o apetite por risco diminuiu.

Russell Boyce/Reuters
Negócios jng@negocios.pt 23 de Julho de 2018 às 18:21
Os investidores estão com receio dos efeitos da tensão comercial e, por isso, estão a retirar o dinheiro que têm nos fundos de investimento. Só em Junho foram extraídos 38,3 mil milhões de euros, o maior montante em quase cinco anos, escreve o Financial Times esta segunda-feira.

Os receios de que a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, venha a ter efeitos nocivos nas bolsas está a fazer com que os investidores estejam mais cautelosos. De acordo com os dados da Thomson Rueters Lipper, citados pelo FT, os fundos europeus registaram uma saída líquida de 11 mil milhões de euros nomês passado, o pior mês desde Setembro de 2013.

Depois de 16 meses de aumento do capital investido em fundos, registaram-se quedas logo em dois meses consecutivos (Maio e Junho). Esta saída de capitais aconteceu numa altura em que os EUA estão em conflito comercial com vários países, nomeadamente a União Europeia, o Canadá e o México. As ameaças que ainda não foram concretizadas - por exemplo, o sector automóvel europeu - preocupam. Ao que parece, as tarifas sobre o aço e alumínio foram só o início.

Mas o principal duelo trava-se agora na frente chinesa. Os Estados Unidos e a China têm trocado retaliações de tarifas nas importações de cada país, aumentando progressivamente o impacto em cada uma das economias. O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem vindo a alertar que não há vencedores nas disputas comerciais, ainda para mais numa altura de recuperação económica é assim posta em causa. 

A guerra comercial tinha sido também a razão dada pelos analistas do Bank of America Merrill Lynch para justificar a retirada de dinheiro dos fundos europeus, mas também dos mercados emergentes, nos últimos dois meses. Em suma, o apetite por risco tem vindo a diminuir progressivamente porque os riscos envolventes aumentaram, escreviam os analistas no início de Julho. 

Ao FT, o estratega da Tilney, Ben Seager-Scott, considera que os investidores conseguiram acumular ganhos fortes nos últimos anos e estão preocupados com as perdas potenciais. "O risco político é elevado agora. Há preocupação sobre guerras comerciais e o risco das moedas. Isto assusta muitos investidores", explica.

Na Europa, há ainda o factor italiano e a política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Por causa do primeiro a confiança diminuiu. Já no segundo restam dúvidas sobre como os mercados irão reagiu ao "novo mundo" sem estímulos monetários. Ainda assim, há quem veja esta retirada de dinheiro como normal. O analista da Sevem Investment Management, Peter Sleep, considera que esta é uma fase para os mercados "respirarem", referindo que há sinais de melhorias em Julho.
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