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Bundesbank avisa que embargo ao gás russo pode custar 180 mil milhões à Alemanha

O banco central alemão alerta que um embargo imediato às importações de gás russos por parte da União Europeia poderia custar à Alemanha 180 mil milhões de euros este ano em produção perdida.

22 de Abril de 2022 às 12:49
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O Bundesbank, o banco central da Alemanha, alerta que caso a União Europeia avance para um embargo às importações de gás da Rússia, isso poderia custar à maior economia da Zona Euro cerca de 180 mil milhões de euros em produção perdida este ano, nota o Financial Times.


A informação consta do boletim mensal do banco central alemão, que aponta ainda que um embargo ao gás russo tiraria até 5% ao produto interno bruto (PIB) alemão em 2022. O banco alerta que isso elevaria os preços da energia ainda mais e encaminharia a economia alemã para uma situação de recessão. 


A Alemanha tem demonstrado relutância em apoiar a proposta da União Europeia para um embargo mais rápido às importações de gás da Rússia. O setor empresarial alemão também tem pressionado nesta questão, nomeadamente através de declarações públicas onde alertam que sem gás russo algumas empresas precisarão de fechar portas. 


"Um embargo repentino ao gás (russo) pode conduzir à perda de produção, encerramento de empresas, mais desindustrialização e à perda de empregos na Alemanha a longo prazo", disseram Rainer Dulger, presidente da Confederação dos Empregadores Alemães (BDA, na sigla em Alemã), e Reiner Hoffmann, presidente da confederação sindical DGB, em comunicado conjunto, divulgado pela agência noticiosa DPA, no início desta semana.  


O próprio chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, veio a público contrariar as estimativas feitas por um grupo de economistas, que teorizam que um embargo à energia russa seria "gerível", referindo que o PIB alemão encolheria entre 0,3% e 3%. Scholz considerou as estimativas "erradas" e "irresponsáveis". 


A União Europeia quer deixar gradualmente de recorrer às importações de gás natural e carvão da Rússia. Os líderes europeus, o governo da Ucrânia e vários académicos referem que, sem um travão a fundo nas importações de energia da Rússia, a economia russa manter-se-á relativamente estável, o que poderá ajudar o Kremlin a financiar resta guerra. 


A União Europeia quer banir as importações de carvão da Rússia a partir de agosto, mas até agora tudo aponta que as entregas de gás natural continuem. 


De acordo com dados do Eurostat, a União Europeia importou mais de 24% da energia à Rússia em 2020. A Rússia foi o principal fornecedor da União Europeia nesse ano, sendo o fornecedor-chave da UE para fontes de energia como o gás natural, petróleo e carvão. 


As importações de energia russa representavam, de acordo com estes dados, cerca de 31% da energia usada pela Alemanha, sendo o oitavo país mais exposto à energia com origem na Rússia. Olhando especificamente para o gás natural, a Alemanha tinha uma exposição de 58,9% ao gás russo, seguida por 35,2% no petróleo e 21,5% no carvão.
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