Notícia
Brexit poderá vir a "custar" em quatro anos o equivalente ao PIB português
A economia britânica já sofreu um impacto de 153 mil milhões de euros por causa da incerteza associada ao Brexit. A fatura pode vir a atingir os 216 mil milhões de euros.
A economia britânica podia ter somado 153 mil milhões de euros a mais desde 2016 até 2019 se não fosse o Brexit. Esta é a conclusão de uma análise da Bloomberg Economics publicada esta sexta-feira, 10 de janeiro, que compara a evolução do PIB do Reino Unido face à relação histórica com os países do G7.
Este é um dos "custos" da saída do Reino Unido da União Europeia mesmo antes de esta se concretizar. Até ao final de 2020, essa "fatura" deverá engordar mais 63 mil milhões de euros, atingindo um total de 216 mil milhões de euros - o equivalente a pouco mais do que o PIB anual português.
A Bloomberg Economics chegou a este número comparando o crescimento da economia britânica desde 2016 em comparação com os outros países do G7, com os quais tem uma correlação forte. Uma análise histórica estima que o PIB do Reino Unido poderia ser 3% maior caso a relação com a UE tivesse sido mantida.
Tal significa que a economia britânica registou um desempenho mais fraco do que as restantes economias avançadas, em comparação com o que tinha acontecido antes do voto do Brexit em junho de 2016.
O impacto foi causado não pela saída em si, que ainda está por concretizar-se - esta quinta-feira os deputados britânicos aprovaram legislação que formaliza a saída, a qual deve acontecer a 31 de janeiro -, mas pela incerteza relacionada com a saída, a dificuldade de acordo entre Londres e Bruxelas e a especulação sobre a relação futura entre os dois blocos.
A componente da economia mais afetada pela incerteza foi o investimento uma vez que as empresas continuam a esperar para ver até fazerem decisões de longo prazo. Esse efeito levou o PIB britânico a crescer entre 1% e 2% nos últimos anos.
Assim, o Governo de Boris Johnson terá pela frente o desafio de "recuperar o tempo perdido" ou, neste caso, "o PIB perdido". Contudo, Dan Hanson, economista da Bloomberg Economics responsável pelo Reino Unido, considera que é improvável que tal aconteça no curto prazo.
"Prevemos que o impulso no crescimento este ano seja excecional ["one off"]", antecipa Hanson, argumentando que esse efeito temporário não irá perdurar durante muito tempo, mesmo com as promessas de investimento público de Johnson.
O economista antecipa que "o custo anual do Brexit deverá continuar a aumentar" enquanto o Reino Unido estiver a negociar a futura relação comercial com a União Europeia e a enfrentar o desafio da produtividade que tem limitado o crescimento económico desde a crise financeira.
Desempenho da economia foi piorando
Como mostra o primeiro gráfico, o crescimento do PIB britânico não foi afetado imediatamente pelo Brexit, tendo um desempenho superior ao esperado pelos economistas, principalmente por causa do consumo privado.
Contudo, em 2017, a economia começou a desacelerar uma vez que a queda da libra pressionou em alta a inflação, o que deteriorou o rendimento disponível real (descontado da inflação).
Em 2018 e em 2019, a crescente incerteza sobre o tipo de saída, nomeadamente se haveria ou não acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, fomentou uma maior desaceleração do PIB.
Este é um dos "custos" da saída do Reino Unido da União Europeia mesmo antes de esta se concretizar. Até ao final de 2020, essa "fatura" deverá engordar mais 63 mil milhões de euros, atingindo um total de 216 mil milhões de euros - o equivalente a pouco mais do que o PIB anual português.
A Bloomberg Economics chegou a este número comparando o crescimento da economia britânica desde 2016 em comparação com os outros países do G7, com os quais tem uma correlação forte. Uma análise histórica estima que o PIB do Reino Unido poderia ser 3% maior caso a relação com a UE tivesse sido mantida.
Tal significa que a economia britânica registou um desempenho mais fraco do que as restantes economias avançadas, em comparação com o que tinha acontecido antes do voto do Brexit em junho de 2016.
O impacto foi causado não pela saída em si, que ainda está por concretizar-se - esta quinta-feira os deputados britânicos aprovaram legislação que formaliza a saída, a qual deve acontecer a 31 de janeiro -, mas pela incerteza relacionada com a saída, a dificuldade de acordo entre Londres e Bruxelas e a especulação sobre a relação futura entre os dois blocos.
A componente da economia mais afetada pela incerteza foi o investimento uma vez que as empresas continuam a esperar para ver até fazerem decisões de longo prazo. Esse efeito levou o PIB britânico a crescer entre 1% e 2% nos últimos anos.
Assim, o Governo de Boris Johnson terá pela frente o desafio de "recuperar o tempo perdido" ou, neste caso, "o PIB perdido". Contudo, Dan Hanson, economista da Bloomberg Economics responsável pelo Reino Unido, considera que é improvável que tal aconteça no curto prazo.
"Prevemos que o impulso no crescimento este ano seja excecional ["one off"]", antecipa Hanson, argumentando que esse efeito temporário não irá perdurar durante muito tempo, mesmo com as promessas de investimento público de Johnson.
O economista antecipa que "o custo anual do Brexit deverá continuar a aumentar" enquanto o Reino Unido estiver a negociar a futura relação comercial com a União Europeia e a enfrentar o desafio da produtividade que tem limitado o crescimento económico desde a crise financeira.
Desempenho da economia foi piorando
Como mostra o primeiro gráfico, o crescimento do PIB britânico não foi afetado imediatamente pelo Brexit, tendo um desempenho superior ao esperado pelos economistas, principalmente por causa do consumo privado.
Contudo, em 2017, a economia começou a desacelerar uma vez que a queda da libra pressionou em alta a inflação, o que deteriorou o rendimento disponível real (descontado da inflação).
Em 2018 e em 2019, a crescente incerteza sobre o tipo de saída, nomeadamente se haveria ou não acordo entre o Reino Unido e a União Europeia, fomentou uma maior desaceleração do PIB.