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CEO da Randstad: "É saudável um país ter capacidade de aumentar o salário mínimo"

José Miguel Leonardo sustenta que "a vontade de haver maior distribuição de riqueza é um bom sinal para a economia portuguesa", que tem de evoluir para sectores de maior valor e não fazer só "o que os outros não querem".

Miguel Baltazar/Negócios
16 de Dezembro de 2016 às 12:33
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O presidente executivo da Randstad Portugal lamenta que a taxa de desemprego continue num nível "muito elevado" e que o desemprego jovem seja "dos mais altos da Europa", mas ao mesmo tempo vê também "sinais positivos", apontando "a vontade de haver uma maior distribuição de riqueza [como] um bom sinal para a economia portuguesa".

 

Em declarações ao Negócios, José Miguel Leonardo considera que "o aumento do salário mínimo não pode ser uma coisa má, se for feita dentro dos parâmetros lógicos e dentro do que é o compromisso entre as várias entidades económicas: os patrões, os sindicatos e o Governo". Isto é, em sede de concertação social.

 

O salário mínimo nacional, actualmente em 530 euros, voltará à agenda da concertação social na próxima segunda-feira, 19 de Dezembro. As confederações patronais têm feito uma grande pressão para reduzir os 557 euros que estão em cima da mesa das negociações ou para, em alternativa, garantirem contrapartidas. O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, já admitiu que poderá não haver acordo.

 

Para o gestor desta multinacional de recursos humanos, que emprega diariamente cerca de 30 mil pessoas em Portugal (13 mil em "contact centers") e factura perto de 370 milhões de euros com a operação portuguesa, "é saudável que um país tenha a capacidade de fazer um aumento do salário mínimo". Salienta, no entanto, que é preciso ser "mais ambicioso" do que aspirar apenas a essa progressão na remuneração.

 

"Temos de nos despegar do salário mínimo. Temos de juntar valor ao que fazemos. Não podemos ter uma economia que só faz o que os outros não querem fazer ou que se contenta em se dedicar a sectores com pouco valor acrescentado. A produtividade de um país mede-se pelo valor do que se cria e não pelas horas de trabalho. Se o que fazemos é embrulhar laranjas em papel, não é isso que cria valor para a economia", resume José Miguel Leonardo, o alentejano de 55 anos que lidera a Randstad em Portugal desde Março de 2014.

Pressão política a subir

Como o Negócios adiantou, o PS vai chumbar esta sexta-feira, 16 de Dezembro, o projecto de resolução do PCP que recomenda ao Governo a fixação do salário mínimo em 600 euros já em Janeiro de 2017. O voto contra dos socialistas, ao lado do PSD e do CDS-PP, evidencia uma divisão nos partidos que suportam o Executivo de António Costa. Porém, a três dias de uma reunião decisiva de concertação social, a votação também reafirma a pressão da esquerda para que o salário mínimo fique, pelo menos, nos 557 euros contestados pelos patrões.

 

Colocando-se ao lado da maioria das confederações patronais e também da UGT, que já admitiu reduzir a proposta de 665 euros para 2017 e defende igualmente um acordo global que envolva outras matérias laborais, o presidente da República referiu que um acordo apenas centrado no salário mínimo seria "pobre". Na TSF, Marcelo pediu um "acordo de médio prazo" que inclua "um pacote muito vasto" de questões a examinar, "desde a política de rendimentos à política fiscal e salarial".

A CGTP, pelo contrário, defende um acordo mais limitado para evitar contaminar as questões laborais. No final da última reunião de concertação, o Governo apresentou esse cenário como o mais provável. "A minha expectativa maior é que, se conseguirmos construir um acordo, este será principalmente em torno das questões do salário mínimo. As outras [questões] ficarão para depois", disse Vieira da Silva.

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