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"Desemprego real" é quase o dobro do oficial

Pela primeira vez, o INE decidiu publicar um indicador de "subutilização do trabalho", que permite avaliar a alienação do mercado de trabalho mesmo quando não são oficialmente considerados casos de desemprego. Os últimos trimestres também trouxeram um alívio desta métrica, mas continua muito acima do desemprego oficial.

Reuters
09 de Agosto de 2017 às 12:28
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O mercado de trabalho português está a melhorar de trimestre para trimestre, tendo visto a taxa de desemprego recuar para 8,8% entre Abril e Junho. No entanto, estes dados não contam toda a história, excluindo alguns casos de alienação do mercado de trabalho. Agora, pela primeira vez, o INE publica um indicador que permite uma avaliação mais abrangente.

Aquilo a que chama a "subutilização do trabalho" mostra que o mercado de trabalho português ainda tem muito por onde melhorar. Segundo estes dados - que já eram calculados pelos jornalistas, mas agora têm carimbo do INE - existem 903 mil portugueses cuja mão-de-obra está a ser subutilizada. Isso é o dobro do valor oficial de desemprego, que ronda os 460 mil. 

Que casos estão aqui incluídos? Recorde-se que, para ser considerado desempregado pelas instituições estatísticas, uma pessoa não pode estar empregada e tem de ter procurado trabalho. Existem três situações de alineação de mercado de trabalho que não estão incluídas nesse conceito oficial: subempregados (trabalhadores em part-time que gostariam de trabalhar mais horas); inactivos disponíveis (pessoas sem trabalho, que por qualquer motivo decidiram não procurar emprego neste período, por vezes, designados como "desencorajados"); e inactivos indisponíveis (pessoas que procuraram emprego, mas por qualquer motivo não estava disponível para trabalhar).

Se juntarmos estes três casos, a taxa de desemprego dispara dos 8,8% oficiais para 16,6%. Contudo, importa referir que este indicador também segue uma trajectória de desagravamento, tal como a taxa de desemprego oficial. Chegou a aproximar-se dos 26% no terceiro trimestre de 2013 e ainda no arranque de 2016 estava em 21%.


 

"No segundo trimestre de 2017, a subutilização do trabalho abrangeu 903,3 mil pessoas e a taxa correspondente ascendeu a 16,6%. Ambos os indicadores correspondem a praticamente o dobro da população desempregada e da taxa de desemprego, sendo que esta relação tem vindo a aumentar (era de 1,6 e 1,5, em cada caso, no primeiro trimestre de 2011)", refere o INE, na sua publicação. Isto é, embora ambos estejam a diminuir, o desemprego oficial está a cair mais rápido.

 

Desses três indicadores – subemprego e os dois tipos de inactivos – apenas um ainda não recuou para um nível abaixo do observado em 2011: os inactivos disponíveis. Isto é, portugueses sem trabalho que optaram por não procurar emprego. Podem não o fazer por algum constrangimento económico, familiar ou por acharem que não vão conseguir encontrar trabalho. Por vezes, são designados como "desencorajados".

 

"O objectivo da construção e divulgação regular deste indicador, a partir dos três indicadores suplementares do desemprego já disponibilizados pelo INE, é fornecer aos utilizadores uma medida mais abrangente da subutilização do trabalho do que a medida, mais restrita, correspondente à taxa de desemprego, sem alterar o modo de cálculo desta nem o seu estatuto de estatística oficial", explica o INE.

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