O secretário-geral da CGTP considera que o salário mínimo pode ir além dos 750 euros, o valor que o primeiro-ministro António Costa admitiu querer atingir até ao final da legislatura que hoje começou.

"Achamos que se pode ir mais além. Sabe porquê? Até para beneficiar as empresas", refere em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

O secretário-geral da CGTP argumenta que as empresas beneficiariam com o aumento da procura interna, o que depois "desagua na questão da criação de mais e melhor emprego".

Se o valor de 750 euros "é curtinho", a base que a Confederação Empresarial (CIP) admitiu (700 euros) é "muito curtinha", coincidindo, aliás, com o valor que foi proposto no programa eleitoral do PSD.

Na entrevista, Arménio Carlos volta a defender a proposta de um aumento do salário mínimo para os 850 euros. A CGTP, tal como o PCP, não assumiu uma data para este valor, sublinhando apenas que deve ser implementado "no curto prazo".

"Estamos disponíveis a negociar o prazo", diz. "Mais do que estar a mexer no valor, vamos definir o prazo", que teria de chegar em menos de quatro anos.

Questionado sobre os riscos que um aumento dos atuais 600 para 850 euros pode representar, a nível do emprego ou da dificuldade em premiar qualificações, mérito ou experiência, num país onde a mediana dos salários é baixa e o impacto é significativo, Arménio Carlos sustenta que é preciso promover o aumento de forma "articulada".

Apesar de garantir que a CGTP "não se colocará à margem" da discussão sobre o acordo geral de salários que tem sido promovido pelo Governo, Arménio Carlos também acrescenta que não está disponível para "jogos viciados", sublinhando que os aumentos têm de ir além da inflação e da produtividade, tal como hoje esta é medida.