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Universidade do Minho pede ajuda para pagar projectos de 40 milhões
Do instituto para a bio sustentabilidade à recuperação de um convento do século XVI, há seis "projectos estratégicos" incluídos na campanha de recolha de fundos. Além do dinheiro, o reitor apela ao "envolvimento" das empresas.
A Universidade do Minho (UM) acaba de lançar uma campanha de recolha de fundos ("fundraising") para ajudar a financiar seis "projectos estratégicos" de cariz tecnológico nas área da Engenharia e da Saúde e relacionados também com a preservação de património cultural, que envolvem um investimento total na ordem dos 40 milhões de euros nos próximos cinco anos.
Ao Negócios, o reitor António Cunha explicou que pretende angariar cerca de dez milhões de euros através deste instrumento designado "UMinho F2020 - Um compromisso com a sociedade", contando pagar o resto da factura através dos "esquemas normais de financiamento". Arquitectada no último ano e meio, esta ferramenta vai ser usada para suportar as verbas próprias que a academia minhota terá de avançar nestes projectos.
A campanha começa já com três milhões de euros na conta, justificou o responsável, "para que, quando fosse lançada, as pessoas acreditassem que é possível" concretizar esta ideia. O dinheiro veio sobretudo do bolso dos membros do comité de "fundraising" presidido por António Murta (Pathena) e que inclui outros "amigos da Universidade", como Isabel Furtado (TMG Automotive), Domingos da Silva Teixeira (DST), Carlos Oliveira (InvestBraga), Belmiro Oliveira (Belisotex), Emília Vieira (Casa de Investimentos), Joaquim Fernandes (Mundifios) ou António Carlos Rodrigues (Casais).
"As verbas que vamos conseguir reunir por via destes mecenas são muito importantes e fazem muita falta. Mas tão importante [como o dinheiro] é que queremos o envolvimento dessas pessoas para que haja uma cumplicidade e participação de actores relevantes do nosso tecido económico", sustentou o reitor, em declarações antes da apresentação pública desta iniciativa, feita em Braga esta sexta-feira, 27 de Outubro, durante o evento "Um compromisso com a sociedade - A UMinho comprometida com o desenvolvimento e com a construção do futuro".
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— Universidade Minho (@UMinho_Oficial) October 27, 2017
Entre os seis "projectos estratégicos" – há depois um sétimo na área da acção social, para apoiar uma residência universitária e suportar bolsas sociais ou de mérito –, está a recuperação do Convento de São Francisco de Real, que, por convénio celebrado em Maio de 2016 com o município de Braga, passou em regime de comodato para a UM. Avaliado em três milhões de euros, além da reabilitação para permitir a visita ao monumento, o plano passa por instalar ali a Unidade de Arqueologia, actualmente no centro da cidade, que ficará responsável pela gestão deste imóvel do século XVI.
Outro destino para estes fundos será o equipamento para o novo Instituto de Ciência e Inovação para a Bio Sustentabilidade (IB-S), inaugurado em Setembro deste ano, cuja infra-estrutura custou sete milhões de euros, 5,6 milhões suportados por apoios comunitários (ON.2, QREN e FEDER). Esta nova unidade de investigação da UM, com valências em Braga e em Guimarães, inclui especialidades como a biotecnologia, as ciências dos materiais e a produção e gestão de energia.
Sem este dinheiro, a recolher junto das empresas e da sociedade civil, "logicamente" estes projectos não poderão avançar, pelo menos com estas características e nestes prazos, advertiu António Cunha. Este engenheiro que no final de Novembro será substituído no Largo do Paço por Rui Vieira de Castro, eleito até 2021, salientou que em cima da mesa estão "valores muito elevados" e mostrou-se curioso com os resultados desta rara campanha numa "lógica mecenática" a ser experimentada em Portugal, "onde o ‘fundraising’ universitário não tem tradição", ao contrário do que acontece no Norte da Europa e nos Estados Unidos.