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Varoufakis: "História vai julgar Schäuble severamente", mas não tanto como vítimas da austeridade

O ex-ministro grego diz que Schäuble foi "a personificação do projeto político de fortalecimento da união monetária no qual nem ele acreditava", apontando que "para o fazer teve de impor medidas de austeridade violenta incluindo na Alemanha e desmantelar instituições democráticas em países como a Grécia".

Tiago Petinga/Lusa
Diana do Mar dianamar@negocios.pt 27 de Dezembro de 2023 às 12:59
O ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis diz que "a História vai julgar Schäuble severamente, mas não de forma tão dura como aqueles que sucumbiram ao seu projeto e políticas desastrosas".

Num "post" publicado no seu portal, esta quarta-feira, a propósito da morte do ex-ministro das Finanças alemão, Varoufakis repete a ideia que tinha defendido anteriormente sobre o veterano político que despertou no povo grego ódio durante a crise das dívidas soberanas, já que foi o arquiteto do contestado programa de austeridade imposto naquele país.

"Wolfgang Schäuble foi a personificação do projeto político de fortalecimento da união monetária no qual nem ele acreditava. E para o fazer teve de impor medidas de austeridade violenta, incluindo na Alemanha, e desmantelar instituições democráticas em países como a Grécia", sustenta Varoufakis, que foi ministro das Finanças em plena crise, em 2015, no governo liderado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras.

"Por outras palavras, Schäuble personificou a contradição explosiva que deu origem tanto à crise do euro como às políticas para a combater", frisa o economista grego.

Políticas que levaram, "por um lado, ao empobrecimento da Grécia e, por outro, à atual desindustrialização da Alemanha e fizeram com que a Europa deslizasse para a insignificância geopolítica", critica.

Na mesma publicação, Varoufakis adiciona dois excertos do livro "Adultos na Sala", da sua autoria, publicado em 2017, que, a seu ver, "podem lançar alguma luz sobre o homem".

Schäuble morreu, esta terça-feira, aos 81 anos.

Veterano político alemão da CDU, chegou a ser dado como potencial sucessor de Helmut Kohl e até de Angela Merkel mas acabou por nunca chegar a chanceler. A longa carreira política teve início como membro do Bundestag (o parlamento alemão), em 1972, o qual viria a presidir, a partir de 2017.

No governo federal esteve à frente de diferentes pastas, desempenhando, entre outros, o cargo de ministro do Interior (1989-1991 e 2005-2009) e de ministro das Finanças (2009-2017).

Ao longo da extensa vida política sobressaem dois grandes momentos: quando ajudou a negociar a reunificação alemã, em 1990, e quando, mais de duas décadas mais tarde, surgiu como uma figura central no esforço pesado de austeridade para tirar a Europa da crise das dívidas soberanas.
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