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Morreu ex-ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, figura central durante crise da dívida

Schäuble ajudou a negociar a reunificação alemã, em 1990, e duas décadas mais tarde, foi uma figura central no esforço de austeridade para tirar a Europa da crise da dívida.

reuters
Diana do Mar dianamar@negocios.pt 27 de Dezembro de 2023 às 09:34
Wolfgang Schäuble, veterano político alemão da CDU que foi ministro das Finanças de Angela Merkel durante a crise da dívida europeia, morreu, na noite de terça-feira, aos 81 anos.

Schäuble, que chegou a ser dado como potencial sucessor de Helmut Kohl e até de Angela Merkel mas acabou por nunca chegar a chanceler, teve uma preenchida carreira política, iniciada como membro do Bundestag (o parlamento alemão), em 1972, o qual viria a presidir, a partir de 2017. No governo federal desempenhou, entre outros, o cargo de ministro do Interior (1989-1991 e 2005-2009) e de ministro das Finanças (2009-2017).

Ao longo da sua vasta vida política sobressaem dois grandes momentos: quando ajudou a negociar a reunificação alemã, em 1990, e quando, sensivelmente duas décadas mais tarde, surgiu como uma figura central no esforço de austeridade para tirar a Europa da crise das dívidas soberanas.

Como assinala a Deutsche Welle, os apelos aos países do sul da Europa para limitarem os seus empréstimos deram-lhe reputação internacional durante esse período, mas também lhe valeram frequentes insultos em nações como a Grécia.

Mais tarde, já após a saída da "troika", apontou Portugal como um exemplo do sucesso das políticas de austeridade: "Portugal é uma vez mais a prova de que a nossa política de estabilização do euro foi um sucesso, e de que fomos bem-sucedidos na defesa de um euro estável nos oito anos de crise do euro, contra algumas dúvidas", declarou à entrada para aquela que era, ao cabo de oito anos, a sua derradeira participação no fórum de ministros das Finanças da Zona Euro que tinha como um dos pontos em agenda a apreciação da sexta missão de vigilância pós-programa a Portugal.

É, aliás, da autoria de Schäuble o epíteto "Ronaldo das Finanças" dado a Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal e então ministro das Finanças.

Nascido em 1942, em Friburgo, foi alvo de uma tentativa de assassínio em 1990 quando era ministro do Interior, com os ferimentos das balas a confinarem-no a uma cadeira de rodas para o resto da vida. Casado e com quatro filhos morreu "pacificamente", segundo indicou a família à agência noticiosa alemã DPA.

Schäuble era essencialmente conhecido por ser um político rigoroso. Exemplo paradigmático foi quando, ao deixar o Governo, o símbolo de um orçamento equilibrado foi a mensagem escolhida pelos colaboradores do ministério para se despedirem dele, os quais formaram um "zero negro" no adeus a "Herr Minister".

E já depois de deixar o Governo, quando assumiu a presidência da câmara baixa do parlamento alemão, ainda em 2017, não deixou esses créditos por mãos alheias, tendo escrito uma carta aos deputados desaconselhando-os do uso do Twitter durante as sessões plenárias.
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