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Sinflex aposta no assento do carro para crescer 7% com a República Checa

Fernando Almeida saiu há 40 anos da Molaflex, mas as molas continuaram a sustentar-lhe a vida

23 de Outubro de 2012 às 10:01
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Molas para a vida | Fernando Almeida saiu da vizinha Molaflex para fazer a sua própria "indústria de ponta".


Somar as peças que formam a Sinflex é ter de saber contar até 20 milhões, o número de unidades que a fábrica, especialista em molas técnicas, faz chegar anualmente ao mercado. Com o sector automóvel na bagageira, a unidade de São João da Madeira, Aveiro, leva o "know-how" em peças para assentos como arma para atacar os mercados de exportação. O centro da Europa é o novo destino mais apetecido, que pode nos próximos anos valer um aumento de 5% a 7% na facturação da empresa.

No ano passado, teve uma facturação recorde com seis milhões de euros, a Sinflex nasceu da vontade e dos braços de Fernando Almeida que, depois de 10 anos como funcionário da vizinha Molaflex, deixou para trás o prefixo do nome, mas não o sector em que sustenta a sua vida profissional.

A ideia fundadora era a de concorrer com a "ex-casa"? "Nunca tive esse objectivo, mas acabamos por fazê-lo no início. Ainda assim, ao longo do tempo, deixámos de ser um concorrente muito directo, porque nos desviámos para outras áreas das que inicialmente desenvolvíamos". Quais? "Começámos pelas molas técnicas quando me estabeleci, mas depois alargámos a produção e virámo-nos para o sector automóvel, onde temos uma quota de produção muito elevada", explica o fundador e diretor-geral da Sinflex, Fernando Almeida.

É exactamente o mercado automóvel que está a levar a empresa industrial a alargar as vias de exportação que se abriram em 1982, com as primeiras encomendas para a Johnson Controls (multinacional tecnológica direccionada para o sector da construção e automóvel). Desde essa altura, e com um empurrão de outras unidades internacionais, a Sinflex ganhou balanço para estar agora em 12 mercados europeus, a que se somam a África do Sul, o México, Marrocos, e a Tunísia. No ano passado, as vendas para estes países já valiam 60% da facturação.

No próximo ano, a maior aposta está no centro da Europa. A justificação é sectorial. "Será a República Checa, país em que já nos adjudicaram projectos, este ano, que vão ter efeito em 2012 e nos anos vindouros. Pelo volume, é o mais importante. Há muita industria automóvel naquela zona, devido à proximidade com a Alemanha", analisa Almeida. O cliente naquele país será a Proseat, grupo para o qual a Sinflex já produzia em Espanha e França.

Os produtos estrela da Sinflex são os arames conformados inseridos no automóvel, os injectados de espuma, as capas, e estruturas para o assento. Espanha, França, Roménia e Polónia são os principais mercados. A quebra do país vizinho, apesar de ainda não ser notório, é "expectável" que chegue em breve.






Perguntas a Fernando Almeida, Director-Geral da Sinflex

Construção da nova fábrica deverá arrancar em 2014 e vai custar cinco milhões de euros

Actualmente o sector automóvel é o destinatário de 60% da produção da Sinflex. É a maior aposta da empresa?
Apostámos no sector automóvel, com a produção de bancos, arames conformados, espumas, injectados de espuma e capas. São as áreas em que estamos, neste momento. Era um sector deficitário, e foi entre os vários possíveis aquele em que percebemos que podíamos responder melhor às necessidades dos nossos clientes. Há menor concorrência e o nosso produto tem uma melhor percepção sobretudo nos clientes internacionais.

Estão com algum investimento em aberto?
Sim, uma nova fábrica, porque as instalações actuais são deficitárias em termos de área coberta. Já falta alguma coisa às necessidades e ao fluxo dos nossos processos. Adquirimos 23 mil metros quadrados em São João da Madeira, e há três anos tínhamos a ideia de começar no ano passado, projecto que passou para este ano. Mas já não vai concretizar [este ano] e passámos para 2013.

Qual é o objectivo e de quanto será o investimento?
Queremos centralizar a produção, juntar as duas unidades que temos, e que estão próximas. A ideia era criar instalações de raiz. O investimento rondará os cinco milhões de euros. À partida no próximo ano vai arrancar um estudo sobre o impacto da implantação da nova unidade, que deverá arrancar em 2014.

O que é que tem travado o projecto?
Sobretudo a situação actual, que não podemos esquecer, e que é preocupante. Nós respiramos saúde financeira para as responsabilidades que temos, mas temos que ponderar os eventuais custos que teremos. Não podemos ficar com uma situação deficitária para a responsabilidade do momento. Temos de encher os pulmões de ar, como se diz na gíria, para fazer a nova fábrica.






Ideias-chave

Ganhar elasticidade nos mercados fora da europa

1. 90 trabalhadores a fazer molas
A Sinflex tem actualmente 90 trabalhadores, sendo que Fernando Almeida não prevê que nos próximos tempos esse número possa ser alterado. A empresa de São João da Madeira trabalha principalmente para cinco sectores: automóvel, construção civil, electrónica, puericultura e motociclos.

2. Fornecedores da Autoeuropa
Não vende de forma directa, mas através da Faurecia (multinacional gaulesa) - a Sinflex é fornecedora de segunda linha da Autoeuropa. No entanto, os principais clientes da unidade do distrito de Aveiro são a Jonhson Controls, Proseat, Copo, Viza, Bosh, Dorei, Covercar, Bebecar, a Ficocable e a Monte Meão.

3. Também há vida além da Europa
A maior aposta de crescimento é na República Checa, mas o director-geral da Sinflex está também de olhos postos no potencial do Norte de África, com destaque para Marrocos e Tunísia.
4. O preço e o resto que marca a diferença
A empresa aposta nos factores diferenciadores para competir nas exportações, mas não só. O preço é também um factor distintivo, a que a Sinflex junta "a qualidade do serviço e a inovação tecnológica".
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