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Mais de um quarto dos portugueses em risco de pobreza ou exclusão social

Apesar da ligeira melhoria em 2015, Portugal continua acima da média europeia. As mulheres e os agregados familiares com crianças estão mais expostos a este risco, que abrange quase 15% dos portugueses que têm emprego.

17 de Outubro de 2016 às 12:11
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Mais de um em cada quatro portugueses (26,6%) está em risco de pobreza ou exclusão social, segundo os dados divulgados esta segunda-feira, 17 de Outubro, pelo Eurostat. Portugal tem o décimo pior registo entre os 28 Estados-membros, acima da média comunitária de 23,7%.

 

Em risco de pobreza depois das prestações sociais, em severa privação material ou pertencente a agregados familiares com intensidade de trabalho muito baixa. É em, pelo menos, uma destas três condições que vivem 2,76 milhões de portugueses. Ainda assim, a percentagem referente a 2015 é mais baixa do que os 27,5% no ano anterior.

 
Em Portugal, o risco de pobreza ou exclusão social afecta mais as mulheres (27,3%) do que os homens (25,9%); e as crianças e jovens até aos 18 anos (29,6%) mais do que os maiores de 65 anos (21,7%). Abrange 60,5% dos desempregados, mas também 14,8% dos adultos portugueses que trabalham. Os agregados familiares com crianças estão mais expostos a este risco do que aqueles que apenas têm adultos: 27,1% vs. 26,1%.

O gabinete de estatísticas da União Europeia compilou estes dados a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que mostram que 119 milhões de cidadãos europeus ainda vivem em risco de pobreza ou de exclusão social. Em 2014 eram 122 milhões, correspondentes a 24,4% da população no Velho Continente.

 

"Depois de três aumentos consecutivos entre 2009 e 2012, chegando quase aos 25%, a proporção de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social na União Europeu tem vindo, desde então, a diminuir constantemente, regressando ao nível de 2008 (23,7%), mas mantém-se em 2015 acima do ponto mais baixo registado em 2009 (23,3%)", resume o documento divulgado pelo Eurostat.

 

Os resultados mais preocupantes chegam da Bulgária (41,3%), da Roménia (37,3%) e da Grécia (35,7%), que são os três países em que este indicador ultrapassa um terço da população. Ao invés, os melhores resultados são obtidos pela República Checa (14%), Suécia (16%), Holanda e Finlândia (ambos com 16,8%) e Dinamarca e França (17,7%).

 

As famílias com filhos estão mais expostas ao risco de pobreza e exclusão social, que também afecta mais as mulheres do que os homens em Portugal.
As famílias com filhos estão mais expostas ao risco de pobreza e exclusão social, que também afecta mais as mulheres do que os homens em Portugal. Reuters

Numa comparação com os níveis pré-crise, em 2008, há 15 países da UE em que o risco de pobreza e exclusão social é agora mais elevado. E foi na Grécia, com mais 7,6 pontos percentuais neste indicador, que a situação mais se agravou. Seguem-se o Chipre (+5,6pp), Espanha (+4,8pp) e Itália (+3,2pp), outros dos países mais afectados pela crise económica.

 

E em Portugal? Sobe "apenas" seis décimas entre 2008 e 2015, correspondente à mesma população. Olhando mais em detalhe para as três situações que podem incluir uma pessoa no risco de pobreza ou exclusão social, a maior degradação aconteceu no risco de pobreza mesmo depois dos apoios sociais – subiu de 18,5% para 19,5% – e, sobretudo, considerando as dificuldades no contexto familiar.

 

De 6,3% em 2008, a percentagem de portugueses até aos 59 anos incluídos em agregados familiares com "intensidade de trabalho muito baixa" – ou seja, em que, em média, cada adulto trabalhou menos do que 20% do seu potencial de trabalho total durante o ano anterior – disparou para quase 11% em 2015.

Numa mensagem divulgada esta segunda-feira no YouTube e no Twitter, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, admitiu que Portugal é um "país com demasiada pobreza" e que esta é uma situação que "é urgente" mudar, sendo a "maior prioridade" o combate à pobreza infantil. "Erradicar a pobreza tem de ser a ambição maior da nossa sociedade, tem de ser a ambição maior das nossas gerações", sublinhou o governante.



(Título corrigido às 12:38, substituindo a expressão "Quase um terço" por "Mais de um quarto")

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