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Protesto das forças de segurança coloca 15 mil frente ao Parlamento

Apesar dos muitos que apelaram ao longo da manifestação para que as escadarias do Parlamento voltassem a ser ocupadas, desta vez a "Invasão!" das forças policiais não chegou a concretizar-se. Veja aqui o filme dos acontecimentos.

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A palavra de ordem lançada repetidamente ao longo do trajecto deixava antever a repetição do sucedido a 21 de Novembro de 2013. Mas desta feita, os apelos à "invasão" da escadaria do Parlamento acabaram por só parcialmente ganharam adeptos entre os 15 mil polícias e guardas que a organização estima terem estado no protesto contra a degradação das condições de vida dos profissionais de segurança. Foi uma noite em que subiu a tensão entre os manifestantes e o corpo de intervenção que impedia o acesso à Assembleia.

Milhares de profissionais das forças de segurança provenientes de todo o País juntaram-se esta quinta-feira em Lisboa. Foi a "maior manifestação de sempre de policias desde o 25 de Abril", repetiram os líderes das associações do sector que se mobilizou para participar num protesto que terminou em torno das 22h30. Paulo Rodrigues, presidente do maior sindicato dos polícias (Associação de Sindicatos dos Profissionais de Polícia), "satisfeito com a forte mobilização", estimou em 15 mil os manifestantes, acima da previsão inicial (de 12 mil pessoas).

Ao Marquês de Pombal chegaram 80 autocarros. Num deles veio José. O sargento saiu de Miranda do Corvo às cinco da manhã para protestar contra "os cortes sucessivos" que tem sofrido. Com 32 anos de serviço efectivo, viu o seu recibo de vencimento encolher em 360 euros em Janeiro último. Além disso o desconto para o subsistema de saúde (SAD-GNR) aumentou e vai voltar a aumentar em Abril.

"O problema é que além de descontarmos mais temos menos regalias. Antes, por uns óculos, pagava 20%, desde Outubro passei a pagar 50%", denunciou ao Negócios o sargento, ao som de apitos e sirenes, momentos antes do desfile até ao Parlamento começar.

Queixas repetidas ao longo do percurso

De mãos dadas entre os manifestantes, e com bandeiras ainda enroladas, ela guarda da GNR há 16 anos e ele guarda prisional, também ao mesmo tempo, queixaram-se do corte salarial que sofreram no início do ano. "São menos 400 euros lá em casa. Com dois filhos e as despesas que não encolhem, não é fácil", resumiram praticamente em coro.

As mesmas queixas foram-se repetindo ao longo do percurso até à Assembleia, intercaladas com palavras de ordem e cânticos, que mais fizeram lembrar os desfiles das claques de futebol, com direito a duplo cordão de segurança. "Passos toma atenção os polícias têm razão" e "Nós só queremos o que é nosso por direito" foram as frases que mais se fizeram ouvir neste protestos que congregou os sindicatos mais representativos da GNR, PSP, ASAE, SEF, Guarda Prisional e Polícia Marítima, além de as organizações corporativas dos militares terem indicado a possibilidade estar presentes.

Com bandeiras hasteadas, foi notória a forte adesão dos profissionais da GNR, tal como era esperado. E embora a maioria reclamasse pelos cortes nos vencimentos, outros havia a protestar devido à frustração de expectativas. "Dizerem-me, quando entrei, que poderia ir para a pré-aposentação aos 55 anos de idade ou 36 de serviço e depois mudarem as regras a meio do jogo e tornarem as condições cumulativas, isso eu não aceito", relatou um chefe da guarda de Aveiro que também preferiu manter o anonimato.

Apesar das tentativas de subir as escadarias por parte de alguns elementos das forças de segurança, desta vez a situação de 21 de Novembro, que conduziu à demissão do director nacional da PSP, não se repetiu.

 
As razões que levaram milhares ao protesto

Cortes salariais e aumento dos descontos para a saúde

Desde o início do ano que, tal como os demais funcionários do Estado, as forças de segurança sofreram cortes salariais que, segundo as associações que os representam, rondaram os 150 euros mensais. Os profissionais protestam hoje contra estes cortes e contra o aumento dos descontos para a SAD para mais do dobro face a Junho do ano passado, que também se traduz numa redução do rendimento mensal disponível.

 

Degradação das condições de trabalho

Por um lado, a PSP exige a negociação e publicação do novo Estatuto e das leis orgânicas. Os profissionais da GNR protestam contra o facto de trabalharem muitos dias seguidos e muitas horas, sem a previsibilidade dos horários, contra a falta de meios e "meios obsoletos".

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