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Portugal continua a ser um país "atrasado" apesar de fundos europeus, diz Elisa Ferreira

A comissária europeia Elisa Ferreira destacou que, na maioria das regiões portuguesas, o PIB per capita é "inferior ou igual a 70% da média da UE", o que classifica grande parte do país como "atrasado". Salientando que "nenhuma solução é de tamanho único", defendeu que Portugal precisa de aprender com as melhores políticas públicas que fomentaram o desenvolvimento de outras regiões.

Elisa Ferreira quer que países adotem rapidamente novos fundos.
Sérgio Lemos
18 de Abril de 2023 às 12:03
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A comissária europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, destacou esta terça-feira que, apesar de ter beneficiado já de mais de 150 mil milhões de euros em fundos europeus desde que aderiu à União Europei (UE) , Portugal continua a ter grandes dificuldades em convergir com a média europeia e é ainda "um país atrasado".

"Portugal tem, ao fim destes anos todos de apoio, apenas a área metropolitana de Lisboa com um PIB por habitante, em paridade de poder de compra, próximo da média europeia, embora esteja em declínio", começou por sinalizou Elisa Ferreira, numa mensagem de vídeo transmitida num seminário promovido pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C) sobre o Relatório de Desenvolvimento & Coesão II, no ISCSP, em Lisboa.

Já o PIB per capita do Algarve e Madeira oscila "entre os 75%" da média europeia, enquanto, "em todas as outras regiões que no fundo detém a maioria da população do país , o PIB per capita é inferior ou igual a 70% da média da UE". "É um valor extraordinariamente baixo, que classifica todo o resto do país como atrasado, nem sequer em transição", destacou.

Para Elisa Ferreira, as dificuldades no desenvolvimento dessas regiões portuguesas podem ser explicadas pelo facto de estarem na chamada "armadilha de estagnação", ou seja, apesar dos sucessivos envelopes de fundos europeus, essas regiões ainda não conseguiram encontrar forma de progredir e convergir com o PIB per capita da UE.

A comissária europeia realçou ainda que "todas as regiões portuguesas, com exceção de Lisboa e do Algarve, estão a perder população", o que coloca sérios desafios em termos demográficos. "O norte sobressai no contexto europeu com uma preocupante perda de população qualificada e em idade ativa. É, por isso, urgente desenvolver estratégias nacionais e regionais que possam combater estas situações", disse.

Destando que "nenhuma solução é de tamanho único", frisou que "há traços comuns" entre os modelos de desenvolvimento mais bem-sucedidos da Europa com os quais o país deve aprender, como é o caso da incorporação de mais inovação da economia, através de uma maior interligação entre a academia e as empresas, o reforço das qualificações dos trabalhadores e um maior grau de descentralização das políticas públicas.

"As experiências positivas de umas [regiões] podem promover o desenvolvimento de outras", salientou.

Elisa Ferreira lembrou ainda que a Comissão Europeia está a fazer uma reflexão sobre política de Coesão pós-2027, de forma a que os fundos europeus possa contribuir ainda mais para a convergência entre regiões, e, por isso, foi criado um grupo de peritos de alto nível para discutir o futuro da política da Coesão, que tem reunido periodicamente na expectativa de melhor apoiar países como Portugal que têm grandes disparidades regionais.

"A política de coesão é essencial para contrariar as condições naturais de divergência geradas pelo funcionamento da economia porque não há mecanismos automáticos de reequilíbrio. É também essencial para atenuar o impacto assimétrico das crises e, de uma forma mais estrutural, reequilibrar o crescimento económico na totalidade das sociedades e do território", concluiu.
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