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Moscovo propõe neutralidade militar para a Ucrânia
Apesar da incapacidade para estabelecer um acordo com os Estados Unidos e a União Europeia sobre a situação na Crimeia, a Rússia comprometeu-se em avançar com um plano alternativo ao apresentado pelo Ocidente. A opção passa pela neutralidade do exército ucraniano, por uma maior autonomia federal para as regiões da Ucrânia e pelo estabelecimento do russo como segunda língua oficial do país.
O Kremlin não queria negociar até que fosse conhecido o resultado do referendo que este domingo acabou por aprovar por larga maioria a pretensão de adesão da região da Crimeia à Rússia. O encontro de sexta-feira entre Moscovo e Washington não permitiu alcançar “uma visão comum”, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, logo garantiu que o Kremlin iria avançar com uma proposta que fizesse jus aos interesses russos.
Com base num documento emitido pelo Ministério tutelado por Lavrov, o “Financial Times” noticia aquilo que esta segunda-feira marca o dia em que Moscovo abandona uma posição meramente defensora “dos interesses e direitos” dos cidadãos descendentes russos e zeladora das suas vontades, leia-se do resultado do referendo, para finalmente assumir qual o plano para a Ucrânia.
No essencial o Kremlin defende a neutralidade do exército ucraniano, o que demonstra a preocupação em relação ao reaproximar ucraniano à NATO, possibilidade que Moscovo desde sempre quis evitar. Outra das ideias passa pela descentralização face às autoridades de Kiev através da garantia de maior autonomia às regiões da Ucrânia. Por fim, Moscovo defende a oficialização do russo como segunda língua da Ucrânia. As duas últimas propostas seriam uma forma de proteger e garantir os direitos das populações russófonas que vivem na Ucrânia.
Apesar de a comunidade internacional já ter começado a aplicar novas sanções em resposta à aprovação do referendo deste domingo, Lavrov garante que a vontade do povo da Crimeia deve ser “reconhecida e respeitada”.
As autoridades da Crimeia já terão reagido ao documento do Kremlin assegurando que é “absolutamente inaceitável”, uma vez que se trata de um “ultimato”, escreve o "Finacial Times".
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que falará esta terça-feira no Parlamento russo sobre a “adopção de um sujeito novo”, de acordo com o “El País”. Segundo o diário espanhol a ida de Putin ao Parlamento dará início ao processo legislativo que visa a anexação da Crimeia ao território russo.