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Parlamento da Crimeia pede oficialmente anexação à Rússia
O parlamento da Crimeia aprovou hoje uma resolução a declarar-se independente da Ucrânia e pediu oficialmente a anexação da península à Rússia.
A resolução foi adoptada numa sessão do parlamento, na qual também de acordou que a Crimeia passará a usar o fuso horário de Moscovo, e não o de Kiev, Ucrânia, que seguia agora.
Um total de 96,6% dos votantes da Crimeia votou a favor da reunificação com a Rússia no referendo de domingo, informou hoje o presidente da Comissão Eleitoral da Crimeia, Mikhailo Malychev.
"Estes dados já não variam", sublinhou Mikhailo Malychev, que estimou em 82,71% a participação na consulta celebrada na península banhada pelo mar Negro, em declarações ao canal de televisão "Krim". "Resultados definitivos do referendo em 96,6 a favor!", escreveu, por sua vez, o primeiro-ministro pró-russo da Crimeia Serguii Axionov na sua conta de Twitter.
O presidente interino ucraniano, Olexandre Tourtchinov, declarou que o referendo na Crimeia sobre a anexação da península separatista à Rússia é "uma grande farsa".
"A Rússia procura cobrir a sua agressão na Crimeia com uma grande farsa denominada referendo que nunca será reconhecido nem pela Ucrânia nem pelo mundo civilizado", declarou Tourtchinov perante os deputados, aos quais apelou para votarem por uma mobilização parcial.
As autoridades autónomas da Crimeia convocaram o referendo de domingo na sequência da deposição do Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich, em Fevereiro, após três meses de violentos protestos em Kiev, liderados pelas forças da oposição.
Depois da queda de Ianukovich, forças apoiadas pela Rússia assumiram o controlo da península do sul da Ucrânia, transformada no foco do mais grave conflito entre Leste e Ocidente desde o final da Guerra Fria.
Seis décadas após a decisão unilateral do então dirigente soviético Nikita Khrushchev de anexar esta região tradicionalmente russa à Ucrânia, as respostas às duas questões colocadas aos eleitores da Crimeia no referendo de hoje poderão definir por muito tempo as relações entre Rússia e Ocidente.
Num território habitado maioritariamente por 58,32% de russos, 24,32% de ucranianos (ambos de religião ortodoxa) e 12,1% de tártaros da Crimeia (muçulmanos), previa-se que o desfecho da consulta não fosse surpreendente, depois de uma sondagem recente ter previsto um "sim" esmagador à união com a Rússia.