Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Merkel defende "coragem" da Europa para inovar em áreas estratégicas e prosperar

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu hoje que "a Europa tem de ser mais corajosa" e apostar na "inovação" em áreas "estratégicas" para "cumprir a promessa de prosperidade", sugerindo apoios estruturais para "produzir 'chips'" e "baterias para carros".

Cofina Media
30 de Maio de 2018 às 23:03
  • 1
  • ...

"Precisamos de capacidades estratégicas tecnológicas e de dar muito apoio [estrutural], como fazem os Estados Unidos ou a China. Devemos dizer: em 2030 queremos chegar ao ponto 'x' no nível da inteligência artificial e temos de apoiar. Aqui a Europa tem de ser mais corajosa", afirmou Merkel num debate de mais de uma hora com alunos de doutoramento da Universidade do Porto, no I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, no Porto, em Portugal.

 

Merkel alertou que a Europa tem "um problema", porque "já perdeu algumas capacidades tecnológicas", defendendo "um apoio estrutural" para a produção de 'chips'" e "um programa parecido para a produção de baterias automóveis", duas áreas que podem ser "estratégicas" para colocar os países europeus em competição com os Estados Unidos ou a China.

 

"Temos um problema na Europa, porque algumas capacidades tecnologias já foram perdidas. Em breve, já não haverá ninguém na Europa a fabricar 'chips'. Isso é feito na Ásia. Mas a grande maioria das máquinas para os produzir estão na Europa. Então, daqui a uns anos, a Ásia também vai fazer as máquinas de produzir 'chips'. Então, juntamo-nos, com a França, os Países Baixos, etc., para termos um apoio estrutural para a produção de 'chips'", observou a chanceler.

 

Segundo Merkel, a Europa necessita ainda de "um programa parecido para as baterias automóveis".

 

"Se a mais-valia de um carro é a bateria e ela já não é produzida na Europa, mas na Ásia ou nos EUA, de facto resta pouca mais-valia na Europa. Precisamos de capacidades estratégicas tecnológicas e dar muito apoio, de forma muito estratégica". "Aqui a Europa tem de ser mais corajosa", frisou.

 

A chanceler lembrou que a União Europeia (UE) foi "promessa de paz" e cumpriu, indicando que a moeda única é "também uma garantia para se continuar a viver em paz".

 

"Depois, a Europa foi também uma promessa de prosperidade. Essa não foi cumprida. Mas se não formos inovadores, se não criarmos o que os outros vão querer copiar, não poderemos cumprir essa promessa de prosperidade para os nossos países. Por isso a inovação é muito importante", vincou.

 

Já António Costa apontou vários exemplos da forma como Portugal tem ligado a ciência à produtividade, apontando apoio a incubadoras e 'startup' mas destacando os seis laboratórios colaborativos, cinco dos quais centrados na "valorização dos recursos naturais".

 

Costa lembrou que, "há 30 anos, foram dadas como mortas" as indústrias tradicionais portuguesas, mas foram elas "as primeiras a sair da crise", porque o têxtil, o calçado e a agricultura "foram os sectores que mais se modernizaram". "Reinventaram-se através da inovação", destacou.

 

De acordo com o primeiro-ministro português, estes sectores passaram a ter "conhecimento" na base produtiva e "essa transferência de conhecimento é absolutamente essencial".

 

Costa e Merkel respondiam a uma plateia de cerca de cem alunos de doutoramento, concretamente sobre a importância do investimento na "investigação fundamental", a par da "investigação aplicada".

 

Os dois chefes do executivo acabaram por responder a mais perguntas do que estava previsto e o debate, que começou pelas 17:50, terminaria alguns minutos após a hora prevista (18:50), sem deixar passar em claro o passado "científico" de Angela Merkel.

 

Doutorada em química, a chanceler alemã foi também questionada pelos alunos sobre a importância de ter cientistas na política.

 

Relativamente a este assunto, Costa lembrou a importância de Mariano Gago, cientista, que tutelou o Ministério da Ciência "por mais de dez anos".

 

O primeiro-ministro recordou ainda que, para integrar executivo actual, foi "a Cambridge recrutar um investigador" - o actual ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

 

No final do debate, Costa e Merkel seguiram para as ribeiras de Vila Nova de Gaia e do Porto onde fizeram um rápido passeio, sempre sob fortes medidas de segurança.

 

Surpreendidos pela sua presença, as pessoas que estavam na rua, restaurantes e cafés das zonas iam acenando e tirando fotografias aos chefes do executivo.

Ver comentários
Saber mais António Costa Angela Merkel Mariano Gago Tiago Brandão Rodrigues política UE França Estados Unidos Instituto de Investigação e Inovação em Saúde Europa China Países Baixos
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio