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Costa não se pronuncia sobre OPA dos chineses à EDP. Merkel pede reciprocidade
O primeiro-ministro disse não ter abordado a questão da OPA lançado pelos chineses sobre a EDP nas conversas mantidas com a chanceler. Merkel considera fundamental que haja reciprocidade ao nível dos investimentos entre a Europa e a China.
A oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelos chineses da China Three Gorges sobre a EDP não foi tema de debate nas conversas mantidas entre António Costa e Angela Merkel. E nem o primeiro-ministro nem a chanceler alemã se alongaram nas respostas dadas aos jornalistas sobre esta questão.
"Relativamente à OPA que está em curso, obviamente não foi objecto de conversação entre nós visto que nem o Estado português tem de se pronunciar sobre uma operação de mercado que decorre de acordo com as regras de mercado", afirmou Costa aos jornalistas na conferência de imprensa que culminou a visita oficial de Merkel a Portugal.
O chefe do Governo português mantém assim o essencial da posição logo assumida ainda antes do anúncio da OPA que os chineses terão de registar esta sexta-feira junto da CMVM. Nessa altura, Costa sustentava que o sucesso da operação será decidido pelo mercado e sinalizava não ter qualquer "reserva a opor". Ainda assim, o primeiro-ministro não deixou então de sinalizar o bom acolhimento ao investimento chinês porque os "investidores chineses têm sido bons investidores em Portugal".
Na semana passada, António Costa assumiu ter sido o autor da alteração, feita em 2017, ao Código de Valores Mobiliários que entretanto acaba por facilitar, a favor dos chineses, a contagem de votos na OPA lançada pela China Three Gorges à EDP.
Já Angela Merkel também disse não ter "nada a opor" à operação, mas disse ser "importante haver reciprocidade" nas relações entre a União Europeia e a China. Numa altura em que no seio da UE se discute a premência de não colocar sectores estratégicos nas mãos de investidores externos à Europa, Merkel assumiu ser possível negociar com Pequim uma posição que beneficie ambas as partes no que concerne ao investimento chinês na Europa.
Actualmente, por exemplo, os processos de privatização em curso na Grécia de sectores como o energético, e que são exigidos por Bruxelas no âmbito do programa de assistência financeira ao país ainda em vigor, têm nos chineses investidores os principais interessados.