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Krugman: "Não há motivos para ser religioso" em relação ao défice

O economista e prémio Nobel não concorda com tudo o que o Governo de António Costa está a fazer e avisa que não existe muita margem, mas defende que se deve tirar o pé do acelerador da austeridade.

Bruno Simão
04 de Maio de 2016 às 13:13
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"O Governo está a tentar desapertar um pouco a camisa de forças e é isso que eu tenho defendido", afirmou Paul Krugman durante a sua intervenção no congresso da APED, no Museu do Oriente. "Há margem para ser menos duro." "Não há motivos para ser religioso" em relação ao défice orçamental, acrescenta. "Um ponto do PIB não será essencial para resolver o problema."

Mais tarde, em declarações aos jornalistas à margem da conferência, voltou a insistir nesta ideia: "Daquilo que consigo ver, há margem para algum alívio da austeridade e parece ser isso que o Governo está a fazer. Acho que os mercados financeiros não vão entrar em pânico, um ponto de PIB [no défice] não vai fazer diferença. Mas faz diferença para manter os custos humanos toleráveis e a situação política mais estável."


O cronista do New York Times referiu que gostava de dizer a Portugal para ter um "grande programa de criação de emprego", mas admite que isso não é possível enquanto Portugal estiver no euro. "Se Portugal não vai sair do euro ou entrar em incumprimento da sua dívida, há pouca margem de manobra", avisou. "Mas há motivos para acreditar que houve mais austeridade do que a necessária, portanto há algum espaço."

Um dos motivos para esta avaliação é o facto de Krugman considerar que, "por mais austeridade que [Portugal] faça", a sua dívida não é sustentável se a Europa não sair da crise. Além disso, o economista considera que a demografia é um dos problemas centrais da economia portuguesa, agravado pela emigração dos últimos anos. "Também por isso, devemos ser menos duros na austeridade", acrescentou.

Ainda assim, nota que não concorda com tudo o que o Executivo de António Costa tem feito, citando em concreto a subida do salário mínimo. "Parece-me alto", alertou.

Quem tem realmente espaço para fazer mais do lado orçamental são países como Alemanha ou França, argumentou. Mais investimento no coração da Europa poderá ter um contágio positivo para países periféricos, como Portugal. "Como se convence os alemães? É difícil", admite Krugman. "Mas não é impossível."

(Notícia actualizada com declarações feitas aos jornalistas à margem da conferência)

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