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Horta Osório pede mais ambição para a economia portuguesa

O crescimento da economia portuguesa em torno dos 2% é positivo mas insuficiente, disse esta sexta-feira António Horta Osório. "Temos de ser mais ambiciosos", instou o presidente do Lloyds.

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Maio de 2018 às 15:07
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"Não podemos ficar satisfeitos com crescimento de 2% ao ano. Isso é pouco", defendeu Horta Osório na Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo e TSF, em Lisboa. 


O presidente do Lloyds destacou vários aspectos macroeconómicos na última década, sublinhando que "Portugal teve uma recuperação da crise melhor do que os países da periferia". Em termos de Produto Interno Bruto (PIB) per capita, Portugal apresenta o melhor desempenho económico entre os países da periferia nos últimos dez anos. No entanto, alertou, só agora está acima do nível de há dez anos.

O banqueiro apontou várias vulnerabilidades da economia portuguesa, em particular o elevado endividamento, não só público mas também das empresas e particulares, bem como a forte correlação entre as exportações portuguesas e o crescimento da economia mundial, o que deixa o país muito sensível a choques externos.

Horta Osório realçou também a descida no desemprego, apontando que Portugal tem uma taxa de desemprego mais próxima dos valores dos EUA ou Reino Unido do que dos países da periferia. Contudo, notou, o desemprego jovem continua muito elevado e a população activa diminuiu fortemente, o que contribuiu para a melhoria da taxa de desemprego.

Para o presidente do Lloyds, o país enfrenta três grandes desafios: o sector bancário, o endividamento e a demografia.

Quanto ao sector bancário, Horta Osório elogiou o trabalho feito pelos bancos, que "tem de ser continuado", assinalando que Espanha tem vindo a reduzir o crédito malparado a um ritmo mais forte, situando-se já nos 5% do crédito total, enquanto em Portugal ronda os 15%.

O líder do banco britânico alertou para os riscos que o excessivo endividamento do país representa, salientando que, "mais tarde ou mais cedo", as taxas de juro irão subir e que isso terá um forte impacto no peso do endividamento face ao PIB, actualmente situado em 310%. "Temos um período importante para reduzir o endividamento, porque estamos muito fragilizados se as taxas de juro subirem. E elas irão, inevitavelmente, subir", frisou.

Por último, o envelhecimento da sociedade portuguesa é preocupante e, segundo Horta Osório, poucas medidas têm sido tomadas para, por exemplo, fomentar um aumento da taxa de natalidade. Para contrariar o envelhecimento do país, o banqueiro, defende esforços para voltar a atrair os portugueses que saíram do país, muitos deles jovens, devido à crise, atrair imigração e medidas de apoio à natalidade.

Horta Osório terminou a sua intervenção pedindo mais ambição para a economia portuguesa. "Entre 2000 e 2020, devemos apresentar uma taxa de crescimento média anual de 1%, apenas superior à Grécia. Metade da de Espanha, abaixo da média da Zona Euro. Na Irlanda, a média será de 5%", destacou.

"Temos de ser mais ambiciosos e conseguir crescer com as contas públicas controladas e reduzindo a dívida", rematou.

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