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Formação e apoio à procura é a melhor combinação

Perguntas a Jochen Kluve, Professor de economia do trabalho empírica na Universidade Humbolt de Berlim

30 de Março de 2012 às 10:00
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Jochen Kluve é um dos nomes incontornáveis no meio académico sobre a avaliação de políticas activas de emprego. Para isso contribuem vários artigos onde analisou a eficácia de mais de 200 programas deste tipo em todo o mundo, com especial enfoque na Europa. Falou ao Negócios esta quarta-feira.

As políticas activas baseadas em empregos no sector público são as menos eficazes. Mas chegam mesmo a ter impactos negativos?

Sim, chegam a prejudicar a probabilidade dos participantes encontrarem emprego. Uma das possíveis razões para isso acontecer é o facto destes programas poderem estigmatizar os que neles participam, associando-lhes a ideia de estarem entre os menos qualificados na sociedade.

A formação e os subsídios salariais são os instrumentos mais eficazes?

Vários estudos documentam bons resultados para os subsídios. O problema é que muitos destes estudos olham para os efeitos de curto prazo e não sabemos quão sustentáveis são estas relações de emprego. Há dúvidas sobre se estes resultados se mantêm dois, três anos depois.

E então o que funciona?

O emprego público funciona bastante mal, os subsídios salariais deixam algumas dúvidas, nomeadamente no longo prazo, embora possa haver espaço para algum optimismo. O apoio à procura de emprego tende a funcionar no curto prazo, especialmente quando fomenta a procura intensa logo no início do período de desemprego; e depois, se isso não funcionar, há então espaço a formação que é uma das políticas que tem impacto até muitos anos depois.

A formação em local de trabalho ou em sala de aula são igualmente eficazes?

Não há dados suficientes para essa avaliação, mas diria que uma componente prática ajudará sempre. Até porque cria um contacto com empresas. Uma coisa também importante é que a formação venha acompanhada com algum tipo de acreditação e certificação.

Para um país com pouco dinheiro, a combinação de formação e apoio à procura de emprego será uma aposta segura ?

Não lhe chamaria aposta segura, mas é provavelmente o melhor que conseguirá. O "new deal" britânico tem um pouco destes elementos: ao fim de seis meses de desemprego são activados mecanismos de apoio intenso à procura de emprego; e depois se não houver resultados, entram em vigor as outras políticas.

Há estudos que relacionam as políticas activas com o número de empregos ou a taxa de desemprego na economia?

É difícil estabelecer essa relação empírica. Além disso, um país teria de usar estas políticas em larga escala para ter algum efeito visível nos dígitos do desemprego. Uma política que poderá ser eficaz durante recessões são os incentivos à criação do próprio emprego, os quais poderão compensar o facto das empresas não terem empregos para oferecer.
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