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Escolas abertas, mas ATL fechadas. Que atividades mantêm as crianças no confinamento?
O Governo decidiu manter as escolas abertas, mas encerrar todas as atividades que possam implicar que as crianças interajam com outras pessoas que não as do seu estabelecimento de ensino. Escolas de música ou de dança, ainda que autónomas, também se mantêm abertas. Aulas de desporto, só para atividades físicas individuais e ao ar livre.
Os estabelecimentos de ensino ficam abertos durante o confinamento que agora se iniciou, mas há todo um conjunto de atividades extracurriculares que os mais novos têm que poderão mesmo ter de encerrar portas. A regra geral é que continuam a funcionar, além das escolas, todos os centros de atividades ocupacionais e espaços onde funcionem respostas no âmbito da escola a tempo inteiro. Será o caso das chamadas atividades de enriquecimento curricular (AEC) ou a componente de apoio à família. Já outras atividades pós-escolares fora do próprio estabelecimento de ensino, essas deverão fechar, como centros de estudo ou ATL privados.
Isso mesmo decorre do diploma do Governo que regulamenta o novo confinamento e que mantém abertos os estabelecimentos educativos, de ensino e de formação profissional. Aí se incluem as escolas públicas do ensino básico e secundário e universidades, mas também os estabelecimentos do ensino privado e cooperativo. Assim sendo, todas as escolas que se incluam neste conceito vão manter-se abertas. Será o caso de escolas de música ou de dança que tenham ensino articulado com as escolas públicas ou sejam ofertas reconhecidas pelo Sistema Nacional de Qualificações, onde se incluem por exemplo o ensino integrado, supletivo ou profissional, esclarece fonte do Ministério da Educação.
Já as atividades educativas e formativas, como as chamadas ATL (atividades de ocupação de tempos livres), essas vão ter de encerrar e o mesmo acontece com os centros de explicações e as escolas de línguas, casos expressamente previstos no diploma do Governo.
Atividades desportivas, muitas vezes também realizadas pelas crianças a seguir à escola, como aulas de natação ou de futebol, também estão proibidas, na medida em que a prática de desportos coletivos e de todos os que se realizem em espaços interiores fica vedada. Serão permitidos apenas os desportos classificados como de individuais e praticados no exterior – será o caso, por exemplo, das aulas de ténis ou padel, entre outras.
Diminuir deslocações e fomentar as "bolhas"
O objetivo é, além de reduzir o número de deslocações, manter o mais possível os alunos dentro de "bolhas", ou seja, além da família, tentar que convivam apenas com os mesmos colegas de escola e, mesmo aí, com o menor número de crianças possível. Neste sentido, a possibilidade de saírem da escola e passarem algumas horas em centros de estudo ou ATL onde estivessem crianças provenientes de várias escolas acabaria por elevar muito os contactos "fora da bolha".
A questão está a causar alguma preocupação junto dos pais, na medida em que muitas famílias utilizam as soluções dos ATL ou centros de explicações e de estudo para deixar os filhos no período entre o final das aulas e a hora em que eles próprios saem do trabalho e os podem levar para casa. "Importa destacar e compreender que as salas de estudo são um apoio fundamental aos encarregados de educação que não têm retaguarda familiar, ficando agora sem saber a quem confiarão o acompanhamento dos filhos durante o período em que estes não estão na escola (que funciona por blocos horários)", lê-se no texto da petição que esta sexta-feira à hora de almoço reunia já cerca de sete mil assinaturas.
Na conferência de imprensa de quinta-feira, em que apresentou os novos apoios previstos para este confinamento, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, foi confrontado com estas dúvidas, mas limitou-se a repetir o que já decorre da lei. A opção do Governo, disse, foi "o encerramento das atividades que propiciam deslocação e contacto entre as pessoas", porque "a forma de reduzir o número de contágios é restringir atividades".
E se as escolas ficam abertas, bem como as atividades que aí decorrem no âmbito do programa escola a tempo inteiro, o resto é para encerrar. O ministro nada disse sobre eventuais apoios para pais que não tenham onde deixar os filhos nesses períodos e que também não possam eles próprios ficar em casa em teletrabalho. O Negócios questionou sobre isso o Ministério do Trabalho, mas ainda não obteve qualquer resposta.
(Notícia atualizada a 16 de janeiro às 16:52 com nova informação do Ministério da Educação)