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Direcção de Florestas da Madeira alerta para risco de "deslizamento de aluviões"

A falta de coberto vegetal, consumido pelos incêndios, potencia as enxurradas de terras em patamares mais baixos, alertou esta quarta-feira o responsável pela autoridade florestal da Madeira.

D.R.
10 de Agosto de 2016 às 18:24
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O director regional de Florestas da Madeira, Miguel Sequeira, defendeu esta quarta-feira, 10 de Agosto – em que a Madeira luta ainda contra vários focos de incêndio, um dos quais a ameaçar os 10 quilómetros quadrados do Parque Ecológico do Funchal - que a área ardida nos últimos dois dias e meio é de "vários milhares de hectares". O responsável alertou para o perigo de ocorrerem "deslizamentos de aluviões" devido à eliminação do coberto de vegetação das florestas.

 

Recorde-se que a Madeira, nomeadamente as localidades do Funchal e da Ribeira Brava, sofreram um temporal em que uma precipitação recorde em curto espaço de tempo provocou enxurradas, desprendimentos de terras, lamas e pedras no dia 20 de Fevereiro de 2010, em virtude dos quais qual morreram 47 pessoas.

 

Em declarações à agência Lusa, Miguel Sequeira disse esta quarta-feira que ainda "é muito cedo para avançar com um valor" da área florestal ardida, adiantando que são, garantidamente, "centenas de milhares" de hectares afectados.

 

Neste momento, a preocupação não é contabilizar a área ardida, referiu o director regional de Florestas da Madeira, acrescentando que os fogos que lavraram na região levantam outros problemas.

 

"Coloca-nos sempre um problema posterior, com que todos temos que estar preocupados, porque foi por cima das grandes urbes, que é a questão dos deslizamentos de aluviões posteriormente", alertou Miguel Sequeira, explicando que "o fogo, ao eliminar o coberto florestal, leva a outra situação de perigo", a libertação das aluviões, uma vez que a vegetação tem uma função fundamental na sua consolidação.

 

Do ponto de vista de valor natural, a floresta Laurissilva - classificada em 1999 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Património Mundial -- foi afectada "minimamente", declarou o director regional de Florestas da Madeira, acrescentando que a área ardida nesta reserva foi de "menos de um hectare", na sua zona Sul.

 

Parque Ecológico em perigo

Já o parque ecológico do Funchal está "fortemente afectado", revelou o responsável, confirmando já a preocupação transmitida na tarde desta quarta-feira por Paulo Cafofo, presidente da Câmara Municipal do Funchal, que aos jornalistas demonstrou a sua preocupação com os focos que emaçam os 10 km2 da área natural protegida da cidade madeirense.

 

Questionado sobre as medidas a tomar nas áreas florestais ardidas, Miguel Sequeira considerou: "é uma conversa muito longa que tem ser feita depois", escusando-se a adiantar qualquer tipo de informação sobre o futuro das florestas da Madeira.

 

Sobre a actual prevenção de fogos na Região Autónoma da Madeira, o director regional de Florestas assegurou que existe vigilância. "Acontece é que não há vigilância que valha a ocorrência de múltiplos fogos, ainda mais no pior momento climático possível", acrescentou.

 

O responsável afirmou ainda que estes incêndios têm acção humana, pelo que são "fogos criminosos", tornando-se "muito difícil controlar este tipo de factores".

 

Já a Secretaria Regional da Agricultura e Pescas da Madeira informou que colocou no terreno cinco equipas técnicas para efectuarem o levantamento e registo dos prejuízos provocados pelos incêndios, estando o responsável que tutela esta área do executivo insular no terreno a acompanhar algumas situações.

 

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) mobilizou 120 operacionais, que se juntaram a 30 do governo regional dos Açores, e foram ainda enviados três voos da Força Aérea, pelas 22:30 de terça-feira, para apoio ao combate a incêndios na região autónoma da Madeira, adiantou à Lusa o comandante Carlos Pereira, da ANPC.

 

 

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