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Descida da inflação é improvável sem aumento do desemprego, diz OCDE

Organização diz que inflação continua a alastrar e admite que BCE possa subir mais juros caso políticas orçamentais não se tornem mais restritivas.

Bloomberg
06 de Setembro de 2023 às 10:01
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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) vê como improvável a descida da inflação sem aumento no desemprego num momento em que as subidas de juros ditam já condições de financiamento consideravelmente restritivas, mas em que as pressões de preços se mantêm fortes no espaço do euro.

 

Numa nova análise à situação económica da Zona Euro e da União Europeia, publicada nesta quarta-feira, a organização alinha com as perspetivas que, no debate económico, têm vindo a defender a inevitabilidade de o trajeto de desinflação exigir perdas de emprego. Isto, num momento em que os mercados de trabalho continuam a manter força, em parte devido à resistência da atividade económica, mas também devido a dificuldades no ajustamento da mão de obra à procura por trabalhadores.

 

"Dados que fatores estruturais, tais como realocação de mão-de-obra e eficiência na relação entre procura e oferta, não podem ser influenciados pela política monetária, a descida da inflação parece improvável sem um correspondente aumento na taxa de desemprego a curto prazo", afirma a publicação.

 

Se a OCDE não vê nesta altura um aumento do risco de o crescimento da Zona Euro ficar aquém dos 0,9% projetados pela organização em junho, admite porém que os valores de inflação que previu possam ser superados, renovando nesta quarta-feira os alertas sobre pressões de preços mais prolongadas.

 

Nos dados que observou até julho, nota, "a inflação subjacente da Zona Euro continua em trajetória de subida e a tornar-se mais disseminada".

 

Esta persistência foi visível, nos meses de junho e julho, num nível de inflação sem considerar preços de energia ou alimentos de 5,5% face a um ano antes, acima dos 5,3% de maio, e em valores mais elevados do que os da inflação total (desceu de 5,5% aos 5,3% em julho). Já em agosto, em dados que o estudo da OCDE já não acompanhou, a inflação subjacente terá voltado aos 5,3%, igualando a inflação total.

 

Para 2023, a OCDE prevê 5,8% de inflação média anual na Zona Euro, e 5,4% na medida de inflação subjacente, que exclui a evolução nos preços considerados mais voláteis.

 

Na análise hoje publicada, a organização liderada por Mathias Cormann admite que a persistência nos níveis de inflação subjacente esteja a "refletir expectativas de um abrandamento económico pouco profundo, em parte devido a descida de preços de energia após a substituição bem sucedida das importações de energia da Rússia".

 

Nesse sentido, aconselha o BCE a manter a determinação e o rumo do aperto monetário para que as expectativas quanto a evolução de subidas de preços para o médio prazo fiquem alinhadas com a meta do banco central do euro, nos 2%.

 

"Tal exige comunicar claramente os riscos de que as pressões inflacionistas possam ser mais persistentes que o esperado e que a posição de política monetária restritiva vai manter-se até que haja demonstração de uma descida sustentada da inflação", recomenda.

 

Em particular, caso as opções orçamentais dos governos não apoiem a ação da política monetária na recondução da inflação à meta, poderão ser necessárias mais subidas nos juros, defende. "O BCE precisa de continuar a subir as taxas de juro pelo tempo que for necessário para fazer regressar a inflação a uma trajetória sustentável em direção ao objetivo de 2%, o que implica apertar mais a política monetária se política orçamental permanecer demasiado acomodatícia", defende.

 

No documento desta quarta-feira, a OCDE volta a apelar a políticas orçamentais mais restritivas por parte dos governos da Zona Euro. Mais uma vez, incentivando a retirada de apoios transversais criados para resposta ao choque nos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

 

 

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