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Constâncio: Escalada do petróleo pode obrigar BCE a rever estratégia

"Estamos ainda num período de observação para ver se este choque é temporário ou se vai manter-se e reagiremos de acordo com o que for a evolução empírica da economia nos próximos meses", disse Constâncio.

25 de Fevereiro de 2011 às 21:41
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A escalada do preço do petróleo, que pressiona em alta a inflação e reduz as perspectivas de crescimento económico na Zona Euro, pode obrigar a uma revisão estratégica do BCE, disse hoje à Lusa o vice-presidente da instituição.

Vítor Constâncio disse que, com a inflação acima de 2 por cento na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) está agora "mais vigilante em relação a riscos de inflação" e que a duração da escalada do preço do petróleo será determinante.

"Se este aumento dos preços se mantiver, então os riscos de inflação claramente subiriam e não podemos aceitar isso, nessa altura a política monetária teria de mudar, tornando-se menos acomodatícia para poder contrariar essas pressões inflacionistas. Estamos atentos", adiantou.

"Estamos num momento de grande incerteza por causa de aumento do preço do petróleo e das matérias-primas, que pode ter simultaneamente consequências inflacionistas e recessivas, dado que, tendo de pagar mais pelo petróleo, o poder de compra fica menos disponível para outras coisas", afirmou.

Constâncio sublinha que países como a Arábia Saudita têm capacidade de produção que podem usar para compensar eventuais cortes em países que vivem crises políticas, como o a Líbia, o que pode até permitir que o encarecimento do petróleo seja "temporário" e não afete a retoma económica europeia.

"Estamos ainda num período de observação para ver se este choque é temporário ou se vai manter-se e reagiremos de acordo com o que for a evolução empírica da economia nos próximos meses", disse.

Constâncio participou hoje no Fórum de Política Monetária dos Estados Unidos, organizado pela Universidade de Chicago - Booth School, em Nova Iorque.

O ex-governador do Banco de Portugal interveio num painel sobre as medidas não convencionais que os bancos centrais foram forçados a tomar por causa da crise e fez uma comparação entre as medidas adoptadas pelo BCE, pela Reserva Federal norte-americana e pelo Banco de Inglaterra.

O facto de o BCE ter privilegiado intervenções de liquidez no mercado monetário de curto prazo, enquanto norte-americanos e ingleses fizeram intervenções de grande escala e directas, comprando títulos de médio prazo, a "estratégia de saída é mais fácil" para os europeus, defende.

"As intervenções foram feitas com instrumentos de curto prazo, e basicamente com os bancos, portanto mais fácil de reabsorver. Desde Junho do ano passado a liquidez total fornecida pelo BCE tem vindo a diminuir e encontra-se já muito próximo do que é o volume normal de necessidades de liquidez do sistema bancário", disse à Lusa.

O facto de as posturas terem tido uma "eficácia semelhante" nos três mercados mostra que os Estados Unidos precisavam de "uma intervenção mais forte para obter os mesmos resultados", obrigando os norte-americanos a um "aumento do balanço do banco central muito superior ao da Europa".

O abandono das medidas excepcionais tem sido gradual, primeiro com o fim das operações a um ano e a seis meses, o que nos Estados Unidos "ainda não aconteceu", e recentemente a Fed voltou mesmo a aumentar programa de compra de títulos da dívida pública.

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