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Conselheiro de Trump acusa Alemanha de "explorar" os EUA com euro fraco

Em declarações ao FT, o presidente do Conselho Nacional de Comércio diz que a Alemanha está a usar um euro "grosseiramente desvalorizado" para ampliar as vendas dos seus produtos no exterior.

31 de Janeiro de 2017 às 14:08
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Berlim está a usar um euro "grosseiramente subvalorizado" para "explorar" os Estados Unidos e seus parceiros da União Europeia. A acusação foi feita por Peter Navarro (na foto, o segundo a contar da direita), director do Conselho Nacional de Comércio, uma nova entidade criada por Donald Trump no âmbito do governo federal norte-americano.


Em declarações ao Financial Times, Navarro diz que o euro funciona como um "marco alemão implícito" cuja desvalorização deu à Alemanha vantagens extra na colocação dos seus produtos nos mercados internacionais.


O jornal financeiro britânico lembra que Navarro é um dos mais violentos críticos da política comercial dos EUA face à China, que apoiou a retirada norte-americana do acordo de livre comércio do Pacífico e que parece agora querer voltar baterias contra a Europa, em particular contra Angela Merkel.


A chanceler alemã tem defendido o acordo de comércio e investimento entre a União Europeia (UE)  e os Estados Unidos, o TTIP, mas, ao contrário do que Navarro sugere, não tem defendido um euro fraco – ao longo dos anos, essa reclamação tem sido essencialmente feita por governos franceses, em particular pelo presidente François Hollande.  

Apesar de no ano passado o euro ter descido face ao dólar, a paridade nunca foi alcançada, ou seja, o euro negociou sempre acima de um dólar, e no final do ano recuperou parte das quedas.

As críticas de Washington dirigidas a Berlim não, porém, são novas, vêm da Administração de Barack Obama, e o ponto recorrente de fricção assenta nos excedentes comerciais que crescentemente a Alemanha acumula, também com os Estados Unidos.

"Preocupa-me o impacto que o actual défice comercial dos EUA está a ter sobre as nossas taxas de crescimento da economia e do rendimento", disse Navarro.

Segundo cálculos preliminares do Ifo, instituto alemão de análise económica, os Estados Unidos terão sido no ano passado o maior importador de capital do mundo, ao acumular um défice corrente de 478 mil milhões de dólares. O saldo negativo norte-americano com o resto do mundo deve-se principalmente ao comércio de bens, tendo as importações líquidas totalizado 557 mil milhões de dólares até o final do terceiro trimestre de 2016. Nas trocas comerciais, o défice é particularmente alto nos bens negociados com a Ásia, mas o saldo com a Zona Euro também é negativo, com as importações líquidas da Alemanha a responderem por metade desse desequilíbrio, refere o Ifo.

 

Ainda em declarações ao FT, Navarro defende, em simultâneo, que a economia norte-americana deve tornar-se mais parecida com a alemã, no sentido em que deve assentar mais da indústria, designadamente automóvel, fabricando e montando componentes com base numa "cadeia de abastecimento interna robusta" que, em sua opinião, "irá estimular o crescimento do emprego e dos salários".

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