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Merkel responde a conselheiro de Trump: "Não posso nem quero interferir" no valor do euro

A chanceler alemã veio a público lembrar que os governos alemães não conduzem a política monetária nem fixam as taxas de câmbio – essas são tarefas há muito confiadas a bancos centrais com estatuto independente.

Fantasmas de Ialta / (Re)União Soviética - Angela Merkel ver-se-á dividida entre o estreitamento de relações com Donald Trump para fazer frente a Moscovo e um acordo com Vladimir Putin para chegar a um consenso relativamente às esferas de influência da Europa Oriental.
Reuters
31 de Janeiro de 2017 às 17:31
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Depois de o principal conselheiro comercial de Donald Trump ter acusado a Alemanha de estar a usar um euro "grosseiramente subvalorizado" para "explorar" os Estados Unidos e seus parceiros da União Europeia, a chanceler alemã veio a público lembrar que os governos alemães não conduzem a política monetária nem fixam as taxas de câmbio – essas são tarefas há muito confiadas a bancos centrais com estatuto independente.


"A Alemanha sempre defendeu que o Banco Central Europeu seguisse uma política independente (dos governos), tal como o Bundesbank fazia antes da existência do euro", afirmou Angela Merkel. "É por isso que não influenciamos a conduta do BCE. Em resultado, eu não posso nem quero mudar a situação actual", acrescentou.


A chanceler falava em Berlim, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro ministro sueco, Stefan Lofven, e respondia a perguntas dos jornalistas sobre as declarações de Peter Navarro, o presidente do Conselho Nacional de Comércio, uma nova entidade criada por Donald Trump no âmbito do governo federal norte-americano, segundo o qual a Alemanha está a usar um euro "grosseiramente desvalorizado" para ampliar as vendas dos seus produtos no exterior.


Em declarações ao Financial Times, Navarro diz que o euro funciona como um "marco alemão implícito" cuja desvalorização deu à Alemanha vantagens extra na colocação dos seus produtos nos mercados internacionais.

O jornal financeiro britânico lembra que Navarro é um dos mais violentos críticos da política comercial dos EUA face à China – é co-autor do livro "Death by China: Confronting the Dragon" –, que apoiou a retirada norte-americana do acordo de livre comércio do Pacífico e que parece agora querer voltar baterias contra a Europa, em particular contra Angela Merkel.

 

A chanceler alemã tem defendido a conclusão do acordo de comércio e investimento entre a UE e os Estados Unidos, o TTIP, que corre o risco de ficar na gaveta com a nova administração norte-americana. Mas, ao contrário do que Navarro sugere, Merkel nunca fez a defesa pública de um euro fraco – ao longo dos anos, essa reclamação tem sido essencialmente feita por governos franceses, em particular pelo presidente François Hollande.  

As críticas de Washington dirigidas a Berlim não, porém, são novas, vêm da Administração de Barack Obama, e o ponto recorrente de fricção assenta nos excedentes comerciais que crescentemente a Alemanha acumula, em particular com os Estados Unidos. Inédita é a política mais agressiva de fecho de fronteiras e a forma crítica como a Casa Branca agora encara a UE e a NATO.

Se os EUA caminharem no caminho do proteccionismo, a Europa deve procurar outros parceiros para manter o comércio aberto. "Ainda não sei se isso vai acontecer", mas "a Europa não deve sentar-se e esperar de olhos fechados para ver o que acontece nos Estados Unidos; tem de avançar por si, também na área do comércio", defendeu o presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem citado pela Reuters.

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