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Como é que a economia vai crescer em 2018?

A economia portuguesa continuará a crescer acima da média da última década e meia, mas a um ritmo mais modesto do que em 2017. Para o próximo ano, a procura interna deverá dar uma ajuda tão grande como as exportações.

Stringer/Reuters
Nuno Aguiar naguiar@negocios.pt 28 de Dezembro de 2017 às 22:30
Existe maior optimismo em torno das perspectivas de crescimento da economia portuguesa. As instituições internacionais e nacionais vêem Portugal em 2018 a crescer quase o dobro face àquilo que estimavam há um ano. No entanto, esse ritmo não evitará um arrefecimento face a 2017. Um abrandamento justificado com um crescimento mais lento das exportações e do investimento.

O Banco de Portugal e a OCDE esperam que o PIB avance 2,3% em 2018, o FMI, 2,2% e os economistas da Bloomberg, 2%. As previsões são diferentes, mas todos antecipam um crescimento mais baixo face aos 2,6% previstos para este ano.

Se nos concentrarmos apenas nas contas do BdP é possível concluir que esse abrandamento é transversal a todas as rubricas, mas deverá sentir-se com mais força em duas delas: investimento e exportações. No caso do primeiro, os técnicos do banco esperam que, depois de um salto de 8,3%, o crescimento seja de 6,1% em 2018. Já o segundo deverá passar de um crescimento de 7,7% para 6,5%, com o turismo a continuar a destacar-se.

Em ambos os casos trata-se de valores sólidos, ainda que menos robustos do que em 2017. Além disso, o banco central identifica uma espécie de troca de papéis entre os dois indicadores: depois de as exportações terem sido decisivas para o arranque inicial da retoma, em 2017 o investimento terá um crescimento maior, tal como em 2019 e 2020.

"A componente mais dinâmica da procura global deverá ser [o investimento], reflectindo em particular a evolução do investimento empresarial", refere o BdP, no último boletim económico. "A expansão projectada para a economia portuguesa tem subjacente uma recomposição da procura global orientada para um crescimento mais sustentável, assente no dinamismo das exportações e do investimento e num enquadramento internacional favorável."

De onde virá então o crescimento? Segundo o BdP, será repartido de igual forma entre procura interna e externa. Ambos darão um contributo de 1,2 pontos percentuais para a variação do PIB.

No que diz respeito ao emprego, os próximos anos também trarão uma inversão. Em vez de crescer mais rápido do que a economia, o emprego vai abrandar e, a partir de 2018, avançar mais lentamente do que o PIB.

Os riscos não parecem estar inclinados para o vermelho. Pelo menos na opinião de Ricardo Paes Mamede. "Há poucos riscos na frente interna e na relação com as instituições europeias; a acontecerem surpresas nestas frentes só deverão ser surpresas boas", sublinha o economista do ISCTE. Uma inversão da política monetária poderia ter um impacto relevante, mas não parece provável. "Assim, o maior risco é mesmo o de uma nova grande crise financeira internacional; é um evento cujo ‘timing’ é sempre difícil de prever, mas não é de todo de excluir que aconteça antes do fim da década.
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