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Cavaco Silva: Em "tempo de incerteza" é "fundamental combater desigualdade e pobreza"
Na sua mensagem de Ano Novo ao país, o Presidente salientou a necessidade de Portugal preservar o modelo de desenvolvimento económico e social e de "renovar o contrato de confiança entre todos os Portugueses. O país deve também"acolher aqueles que nos procuram", defendeu.
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Cavaco Silva afirmou esta sexta-feira, 1 de Janeiro, que Portugal vive "um tempo de incerteza" em que é fundamental preservar "os valores civilizacionais do Ocidente" e "o modelo de desenvolvimento económico e social da Europa" que tem seguido.
"Temos o dever de defender o modelo político, económico e social que, ao longo de décadas, nos trouxe paz, desenvolvimento e justiça", disse o Presidente, defendendo que é preciso "renovar o contrato de confiança entre todos os Portugueses, aquilo que constitui a maior razão para acreditarmos num futuro melhor, para nós e para os nossos filhos".
Num discurso em que optou por não falar abertamente de política, o Presidente invocou o "conhecimento" que reuniu sobre o país e sobre os portugueses ao longo dos últimos dez anos e os vários roteiros que realizou e que, salientou, lhe permitiram "conhecer Portugal de perto, mantendo um diálogo de proximidade com o país real, com os seus problemas e dificuldades, mas também com os seus anseios e as suas realizações".
Num "tempo de incerteza", são "todos vós, todos os Portugueses – o nosso grande motivo de esperança", afirmou. "A nossa sociedade civil demonstrou, em tempos muito difíceis, a sua vitalidade, o seu dinamismo, a sua ambição de viver num país melhor e mais justo", prosseguiu, lamentando que os "que estão a fazer Portugal" nem sempre sejam "conhecidos nem valorizados como merecem".
"Este é o país real, o país verdadeiro, que muitos agentes políticos desconhecem, que a comunicação social tantas vezes ignora e que conheci de perto durante os meus mandatos", disse o Presidente, sublinhando ser "fundamental combater as desigualdades e as situações de pobreza e exclusão social, que afectam ainda um grande número de cidadãos". Entre estes, disse, estão "os idosos mais carenciados, os desempregados ou empregados precários, os jovens qualificados que não encontram no seu país o reconhecimento que merecem".
"Acolher os que nos procuram"
O Presidente referiu-se também implicitamente à crise dos refugiados, que continua a atingir a Europa, e sustentou que "temos o dever de acolher aqueles que nos procuram para se integrarem na nossa sociedade, partilhando connosco os valores e princípios de que nunca abdicaremos: a democracia e a liberdade, a tolerância e a dignidade da pessoa humana, o respeito pela nossa cultura e pelas nossas tradições".
Até porque, lembrou Cavaco Silva, se Portugal é também um país de emigrantes, há 40 anos acolheu também "muitos milhares" de pessoas vindas das antigas colónias de África que regressaram "em condições difíceis, por vezes trágicas, e aqui prosperaram com o valor do seu trabalho e do seu esforço".
Assim, "numa Europa marcada por tensões e conflitos, onde em várias paragens emergem pulsões extremistas e xenófobas, Portugal deve afirmar a sua identidade universalista, o espírito com que, há mais de 500 anos, deu novos mundos ao mundo", concluiu o Presidente.
(Notícia actualizada às 22:00 com mais informação)