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PCP diz que “povo não precisa de presidentes que usam hipocrisia”

O PCP considerou que Portugal "não precisa de presidentes que usam a hipocrisia como forma de estar na política", admitindo "alívio" pelo fim de mandato de Cavaco Silva mas "preocupação" por "outros Cavacos" estarem "à espreita".

01 de Janeiro de 2016 às 23:07
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Na reacção à última mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Armindo Miranda, que integra a Comissão Política do PCP, considerou que o discurso de Aníbal Cavaco Silva "não traz muita coisa ou se calhar mesmo nada" de novo.

"Uma primeira constatação que podemos fazer é que o povo português não precisa de mais presidentes destes: chamem-se Cavacos, Marcelos Rebelos de Sousa ou outros nomes. Pessoas que usam a hipocrisia como forma de estar na política não estão bem no cargo de Presidente da República e outros cargos", disse.

Armindo Miranda referia-se às preocupações manifestadas pelo Presidente da República, nomeadamente desemprego, pobreza e injustiças sociais.

"Falou disso como se tratasse de uma maldição divina que está a castigar o povo português por se ter portado mal e por isso é que o país está como está, quando todos sabemos e ele sabe melhor do que ninguém que isto resulta de políticas concretas concretizadas por partidos. (…) Cavaco é um dos principais responsáveis por esta situação", disse.

O dirigente do PCP apontou o dedo aos anos em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro, principalmente ao momento em que, segundo Armindo Miranda, o actual Presidente da República "não hesitou e assinou de imediato" quando "as leis laborais foram alteradas, para que os patrões pudessem despedir mais rápido e mais barato, reduzindo inclusivamente as indemnizações".

No seu discurso, Cavaco Silva afirmou que se vive um tempo de incerteza e que há um modelo político, económico e social a defender, que é aquele que vigorou nas últimas décadas.

Para o PCP, esta frase mostra "preocupação" com "os agentes e instituições políticas", pelo que os comunistas consideram que o desejado por Cavaco Silva é que se "mantenha exactamente o sistema de exploração e empobrecimento que levou a esta situação" e na qual, referiu, o chefe de Estado "foi peça importante".

O PCP entende, assim, que Cavaco Silva fez um "apelo" a que a "riqueza continue a concentrar-se nos grupos económicos e que as desigualdades sociais continuem a aumentar e o empobrecimento ganhe lastro" no país "sempre em benefício dos banqueiros nacionais e internacionais".

"Basta referir que este ano vão ser entregues cerca de nove mil milhões de euros aos banqueiros. É o modelo que ele defende, sempre defendeu e antes de ir embora apela a que se mantenha tudo igual. Claro que a nossa luta é outra: é fazer com que este modelo desapareça. Só faz falta aos banqueiros. Aos portugueses não faz falta", afirmou.

Armindo Miranda admitiu que os comunistas vêem com "alívio" o fim do mandato de Cavaco Silva, mas disse que "há aí outros Cavacos à espreita".

"O doutor Marcelo Rebelo de Sousa está à espreita. O formato é diferente, o estilo também, mas a matriz de usar a hipocrisia como forma de restar na política é a mesma. São pessoas em quem não se pode confiar (…). Alívio sim, mas preocupação porque tudo devemos fazer para evitar que outros Cavacos venham a ocupar o lugar", concluiu.

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