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Caso Dijsselbloem: aos deputados, Centeno nada disse

O ministro das Finanças, que está esta quarta-feira, 12 de Abril, numa audição parlamentar sobre o BES e sobre as transferências para offshores, ignorou as questões do PSD e do CDS-PP sobre o caso Dijsselbloem e não disse uma palavra sobre o assunto.

Bruno Simão/Negócios
12 de Abril de 2017 às 12:24
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O PSD, pela mão de António Leitão Amaro, trouxe o tema para cima da mesa logo a abrir os trabalhos. O deputado lamentou que o ministro não tenha estado presente na reunião do Eurogrupo, onde se fez representar pelo secretário de Estado Mourinho Félix, e acusou Centeno de "falta de coragem". "Gostávamos de o ter visto lá a dizer o que este Parlamento aprovou, o pedido de demissão" do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, rematou o deputado antes de entrar nas perguntas sobre o BES e sobre o Novo banco.

Mais tarde, seria a vez de Cecília Meireles, do CDS-PP, voltar ao tema: "Tendo esta demissão sido pedida antes e depois da reunião do Eurogrupo, porque é que não foi pedida durante?", questionou a deputada.  

 

Num caso e no ontro, nas suas respostas, Centeno passou completamente ao lado e sobre o caso Dijsselbloem não disse uma palavra, centrando sempre o seu discurso nos outros temas. O ministro tem estado debaixo de fogo da oposição porque "grita e vocifera em Lisboa e que sussurra e titubeia na Europa", como afirmou recentemente Paulo Rangel, eurodeputado social democrata.

 

Em causa estão as declarações polémicas do presidente do Eurogrupo, Dijsselbloem, que, referindo-se a países que pediram ajuda, caso de Portugal, afirmou que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda".

 

No Parlamento foi votada, por unanimidade, a condenação às palavras do ministro das Finanças holandês e o pedido da sua demissão da liderança do Eurogrupo. Isto aconteceu a 24 de Março e entretanto o próprio Governo português várias vezes se insurgiu contra a postura de Dijsselbloem e pediu a sua demissão.

 

Centeno acabaria, contudo, por não estar presente na reunião seguinte do Eurogrupo. Em declarações ao Observador explicou que não foi ao encontro por "assuntos diversos", nomeadamente a preparação do Programa de Estabilidade. Mourinho Félix, secretário de Estado das Finanças substituiu-o, mas não houve qualquer pedido formal de demissão. O secretário de Estado confrontou Dijsselbloem, à entrada da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro e pediu-lhe que apresentasse um pedido de desculpas na reunião. Dijsselbloem reagiu prontamente, dizendo que a postura de Portugal neste processo foi "chocante".

 

Esta quarta-feira, no Parlamento, o PSD e o CDS-PP quiseram chamar o tema para cima da mesa, mas o ministro passou ao lado e não disse uma palavra. PS, Bloco de Esquerda, e PCP, ao longo das suas intervenções, não se referiram ao assunto, concentrando-se nos temas agendados para a audição desta quarta-feira.

1 de Abril

1 de Abril
Expresso noticia que Centeno foi "sondado" para o Eurogrupo - Mário Centeno é, segundo o Expresso, um dos nomes falados para substituir o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Onze dias antes, o holandês tinha dito em entrevista que "eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda", gerando uma enorme polémica e pedidos de demissão, entre os quais o de António Costa que classificara as declarações de "xenófobas, racistas e sexistas". O semanário cita uma fonte governamental anónima e acrescenta que o Governo considera que, "para já", colocar Centeno na presidência do Eurogrupo "não é uma prioridade".

4 de Abril

4 de Abril
Primeiro-ministro confirma possibilidade - Em entrevista à RR, Costa afirma que Centeno foi sondado para presidir ao Eurogrupo, sem revelar onde nem por quem, mas acrescenta que essa não é uma "prioridade", pelo menos "nesta fase". "Não temos como prioridade a candidatura do Dr. Mário Centeno" e "julgamos que nesta fase é útil" o ministro das Finanças "ter uma margem de liberdade maior". Volta a pedir a saída de Dijsselbloem, dizendo que este se mostrou "incapaz" de exercer as suas funções. Também antes, em 22 de Março, repetira esse pedido, dizendo que "numa Europa a sério o presidente do Eurogrupo já estava demitido".

7 de Abril

7 de Abril
Dijsselbloem considera reacção de Portugal "chocante" - Dijsselbloem considera "chocante" a reacção de Portugal, referindo-se às palavras de António Costa. Fá-lo perante o secretário de Estado das Finanças e depois de Mourinho Félix lhe pedir que se retractasse. Perante câmaras de TV, à entrada da reunião do Eurogrupo em Malta, Mourinho diz: "Quero dizer-lhe que foi profundamente chocante aquilo que disse dos países que estiveram sob resgate e gostaríamos que pedisse desculpas perante os ministros e a imprensa." Resposta do holandês: "Eu vou dizer alguma coisa sobre isso, mas a reacção de Portugal também foi chocante. Não lhe vou exigir um pedido de desculpa, mas vou dizer alguma coisa."

10 de Abril

10 de Abril
Dijsselbloem sublinha que Portugal não pediu demissão - Em entrevista a um jornal holandês, o presidente do Eurogrupo afirma que, ao contrário do que esperava, Mourinho Félix não pediu a sua demissão durante a reunião de Malta. "Esperava que o colega português pedisse a minha demissão, mas ele não o fez." Dijsselbloem garante também que nenhum ministro o fez e que recebeu "apoio activo e passivo" dos seus pares nesse encontro. Sobre a polémica frase, diz que "alguns consideraram que foi uma formulação infeliz. Outros disseram 'entendi exactamente o que você quis dizer'. Mas quase todos partilharam a minha mensagem sobre direitos e obrigações."

11 de Abril

11 de Abril
Costa diz que saída do holandês "é uma questão de tempo" e admite apoiar De Guindos - Em entrevista ao El País, António Costa não pede mais a demissão, afirma que a saída de Dijsselbloem do Eurogrupo "é uma questão de tempo" (no máximo, concluirá o segundo mandato, em Janeiro de 2018) e admite apoiar Luis de Guindos, caso o ministro espanhol avance. O Público fala em "cortina de fumo": nota que o Madrid quer Guindos na vice-presidência do BCE e escreve que o Governo português ainda não recusou definitivamente a ideia de enviar Centeno para o Eurogrupo. Está à espera de evoluções na frente externa, designadamente do novo governo holandês e das eleições alemãs (Setembro).
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