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Caso Dijsselbloem: aos deputados, Centeno nada disse
O ministro das Finanças, que está esta quarta-feira, 12 de Abril, numa audição parlamentar sobre o BES e sobre as transferências para offshores, ignorou as questões do PSD e do CDS-PP sobre o caso Dijsselbloem e não disse uma palavra sobre o assunto.
O PSD, pela mão de António Leitão Amaro, trouxe o tema para cima da mesa logo a abrir os trabalhos. O deputado lamentou que o ministro não tenha estado presente na reunião do Eurogrupo, onde se fez representar pelo secretário de Estado Mourinho Félix, e acusou Centeno de "falta de coragem". "Gostávamos de o ter visto lá a dizer o que este Parlamento aprovou, o pedido de demissão" do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, rematou o deputado antes de entrar nas perguntas sobre o BES e sobre o Novo banco.
Mais tarde, seria a vez de Cecília Meireles, do CDS-PP, voltar ao tema: "Tendo esta demissão sido pedida antes e depois da reunião do Eurogrupo, porque é que não foi pedida durante?", questionou a deputada.
Num caso e no ontro, nas suas respostas, Centeno passou completamente ao lado e sobre o caso Dijsselbloem não disse uma palavra, centrando sempre o seu discurso nos outros temas. O ministro tem estado debaixo de fogo da oposição porque "grita e vocifera em Lisboa e que sussurra e titubeia na Europa", como afirmou recentemente Paulo Rangel, eurodeputado social democrata.
Em causa estão as declarações polémicas do presidente do Eurogrupo, Dijsselbloem, que, referindo-se a países que pediram ajuda, caso de Portugal, afirmou que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda".
No Parlamento foi votada, por unanimidade, a condenação às palavras do ministro das Finanças holandês e o pedido da sua demissão da liderança do Eurogrupo. Isto aconteceu a 24 de Março e entretanto o próprio Governo português várias vezes se insurgiu contra a postura de Dijsselbloem e pediu a sua demissão.
Centeno acabaria, contudo, por não estar presente na reunião seguinte do Eurogrupo. Em declarações ao Observador explicou que não foi ao encontro por "assuntos diversos", nomeadamente a preparação do Programa de Estabilidade. Mourinho Félix, secretário de Estado das Finanças substituiu-o, mas não houve qualquer pedido formal de demissão. O secretário de Estado confrontou Dijsselbloem, à entrada da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro e pediu-lhe que apresentasse um pedido de desculpas na reunião. Dijsselbloem reagiu prontamente, dizendo que a postura de Portugal neste processo foi "chocante".
Esta quarta-feira, no Parlamento, o PSD e o CDS-PP quiseram chamar o tema para cima da mesa, mas o ministro passou ao lado e não disse uma palavra. PS, Bloco de Esquerda, e PCP, ao longo das suas intervenções, não se referiram ao assunto, concentrando-se nos temas agendados para a audição desta quarta-feira.