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Paulo Rangel: Governo deve desculpas aos portugueses por "encenação indigna" no caso Dijsselbloem 

Paulo Rangel dispara sobre a "passividade, quase a roçar cobardia", de Centeno, a falta de ética de Mourinho Félix e o fraco jornalismo que faz notícias sem cruzar fontes.

Paulo Duarte
Negócios 11 de Abril de 2017 às 14:57
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"Que Governo é este que grita e vocifera em Lisboa e que sussurra e titubeia na Europa? Depois de tudo isto, há alguém que deve um pedido de desculpas aos portugueses e esse alguém não é já Dijsselbloem. É mesmo o Governo português, que usa de duplo de padrão e que se entrega a encenações tristes, política e eticamente indignas". A afirmação é de Paulo Rangel, que acusa o governo de ter criado um "embuste" a propósito das "inaceitáveis declarações" de Jeroen Dijsselbloem, beneficiando de alguma imprensa complacente.

 

Em artigo de opinião no jornal Público, o eurodeputado social-democrata começa por "censurar" a ausência de Mário Centeno da reunião do Eurogrupo da passada sexta-feira, em Malta, a primeira depois de ter estalado a polémica em torno das declarações do seu presidente, e onde o ministro das Finanças poderia ter pedido a demissão de Dijsselbloem. "Como é possível que, depois da posição forte que o Governo português quis assumir, o ministro das Finanças esteja ausente da reunião do Eurogrupo? Trata-se de uma clara posição de passividade, a roçar a cobardia, de resto, totalmente congruente com o silêncio sepulcral a que Centeno se remeteu nesta matéria", escreve Rangel.

O segundo ponto, "verdadeiramente vergonhoso", considera o eurodeputado, é a "encenação" feita por Ricardo Mourinho Félix.  "Sou insuspeito de apoiar o socialista Dijsselbloem, mas antolha-se inqualificável montar-lhe uma ‘armadilha’ deste calibre, organizada por um colega do Conselho. E da qual o holandês acabou por se livrar muito proficientemente. Talvez a vontade da máquina de propaganda do PS de fazer uma 'armadilha' possa outrossim explicar por que razão Mário Centeno não foi à reunião: tenho a certeza de que ele não se prestaria a um papel tão triste e aviltante".


Rangel considera ainda que "a desfaçatez do secretário de Estado é inversamente proporcional à sua coragem" já que foi incapaz de exigir a demissão de Dijsselbloem "durante a reunião, que era a sede própria e adequada para o efeito".


Por fim, o eurodeputado lamenta que uma parte substancial da comunicação social pactue com um comportamento deste teor. "Nada de surpreendente, como tenho tão insistentemente advertido. Basta ver a novela que anda à volta de uma putativa sondagem de Mário Centeno para presidente do Eurogrupo. Qualquer pessoa que se movimente nos meios políticos de Bruxelas sabe que não há uma única alma que, até aqui, tenha aventado essa hipótese", assegura.

"Entre múltiplas personalidades da Comissão, do Conselho e do Parlamento, provenientes de países os mais vários e de diferentes famílias políticas, nenhuma ouviu falar dessa possibilidade. Só em Portugal se falou nisto, por sinal num dia 1 de Abril. É peculiar que jornais como o Expresso ou, ainda ontem, o PÚBLICO assumam esta notícia com base em fontes unicamente portuguesas", aponta ainda.

"A encenação do episódio Mourinho Félix e a notícia da indicação de Mário Centeno mostram bem que a moda dos factos alternativos não vive só em Washington. Ela – a moda – e eles – os factos alternativos – andam por aí", conclui Rangel.

 

 

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