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PSD acusa Governo de "entradas de leão e saídas de ratinho" no Eurogrupo

Costa lembra que no passado autoridades portuguesas se ajoelhavam perante dos colegas na Europa. Primeiro-ministro defende que Governo não tem de estar a ser a repetir que quer saída do presidente do Eurogrupo e adia tomada de posição sobre o assunto para mais tarde.

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O líder parlamentar do PSD acusou esta quarta-feira o Governo de nas reuniões do Eurogrupo substituir "entradas de leão por saídas de ratinho". Luís Montenegro referia-se ao facto de o Executivo ter criticado as declarações de Jeroen Dijsselbloem mas não ter pedido a demissão do presidente do Eurogrupo na reunião dos ministros das finanças da Zona Euro. Costa rejeitou que seja necessário estar sempre a repetir a mesma ideia e adiou a negociação da saída do ministro holandês para mais tarde.

No debate quinzenal, no Parlamento, Montenegro, afirmou que, em Portugal, o Governo fala "como um leão". "Mas nas reuniões aí essas entradas de leão são substituídas por saídas de ratinho", disse o líder parlamentar social-democrata. Porque não pediu a demissão do presidente do Eurogrupo na reunião, quis saber Montenegro.


Costa voltou a desvalorizar a polémica que tem marcado os últimos dias – depois de Dijsselbloem ter criticado os países que gastam dinheiro em "copos e mulheres" e depois pedem ajuda. "O secretário de Estado das Finanças transmitiu aliás com uma grande firmeza e pessoalmente o entendimento" do Governo sobre o assunto – de repúdio das declarações.

E vincou as diferenças face ao que se passava antes. "Todos estamos recordados de quando os representantes portugueses se ajoelhavam para falar com os colegas" europeus, disse o primeiro-ministro.

Costa explicou que assim como não é necessário a Assembleia da República estar todos os dias a fazer um voto de protesto, o "Governo cada vez que fala também não tem que repetir a mesma ideia". Até porque, a negociação da presidência do Eurogrupo faz-se noutro fórum, defendeu, acrescentando que "quando for feita e na circunstância em que for feita lá estaremos para a fazer".

O primeiro-ministro não acrescentou qual o momento certo para essa discussão, apesar de ter declarado apoio ao ministro espanhol De Guindos e de ter confirmado que Mário Centeno foi sondado para a função. O ministro holandês das finanças que preside ao Eurogrupo termina o mandato em Janeiro de 2018.

1 de Abril

1 de Abril
Expresso noticia que Centeno foi "sondado" para o Eurogrupo - Mário Centeno é, segundo o Expresso, um dos nomes falados para substituir o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Onze dias antes, o holandês tinha dito em entrevista que "eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda", gerando uma enorme polémica e pedidos de demissão, entre os quais o de António Costa que classificara as declarações de "xenófobas, racistas e sexistas". O semanário cita uma fonte governamental anónima e acrescenta que o Governo considera que, "para já", colocar Centeno na presidência do Eurogrupo "não é uma prioridade".

4 de Abril

4 de Abril
Primeiro-ministro confirma possibilidade - Em entrevista à RR, Costa afirma que Centeno foi sondado para presidir ao Eurogrupo, sem revelar onde nem por quem, mas acrescenta que essa não é uma "prioridade", pelo menos "nesta fase". "Não temos como prioridade a candidatura do Dr. Mário Centeno" e "julgamos que nesta fase é útil" o ministro das Finanças "ter uma margem de liberdade maior". Volta a pedir a saída de Dijsselbloem, dizendo que este se mostrou "incapaz" de exercer as suas funções. Também antes, em 22 de Março, repetira esse pedido, dizendo que "numa Europa a sério o presidente do Eurogrupo já estava demitido".

7 de Abril

7 de Abril
Dijsselbloem considera reacção de Portugal "chocante" - Dijsselbloem considera "chocante" a reacção de Portugal, referindo-se às palavras de António Costa. Fá-lo perante o secretário de Estado das Finanças e depois de Mourinho Félix lhe pedir que se retractasse. Perante câmaras de TV, à entrada da reunião do Eurogrupo em Malta, Mourinho diz: "Quero dizer-lhe que foi profundamente chocante aquilo que disse dos países que estiveram sob resgate e gostaríamos que pedisse desculpas perante os ministros e a imprensa." Resposta do holandês: "Eu vou dizer alguma coisa sobre isso, mas a reacção de Portugal também foi chocante. Não lhe vou exigir um pedido de desculpa, mas vou dizer alguma coisa."

10 de Abril

10 de Abril
Dijsselbloem sublinha que Portugal não pediu demissão - Em entrevista a um jornal holandês, o presidente do Eurogrupo afirma que, ao contrário do que esperava, Mourinho Félix não pediu a sua demissão durante a reunião de Malta. "Esperava que o colega português pedisse a minha demissão, mas ele não o fez." Dijsselbloem garante também que nenhum ministro o fez e que recebeu "apoio activo e passivo" dos seus pares nesse encontro. Sobre a polémica frase, diz que "alguns consideraram que foi uma formulação infeliz. Outros disseram 'entendi exactamente o que você quis dizer'. Mas quase todos partilharam a minha mensagem sobre direitos e obrigações."

11 de Abril

11 de Abril
Costa diz que saída do holandês "é uma questão de tempo" e admite apoiar De Guindos - Em entrevista ao El País, António Costa não pede mais a demissão, afirma que a saída de Dijsselbloem do Eurogrupo "é uma questão de tempo" (no máximo, concluirá o segundo mandato, em Janeiro de 2018) e admite apoiar Luis de Guindos, caso o ministro espanhol avance. O Público fala em "cortina de fumo": nota que o Madrid quer Guindos na vice-presidência do BCE e escreve que o Governo português ainda não recusou definitivamente a ideia de enviar Centeno para o Eurogrupo. Está à espera de evoluções na frente externa, designadamente do novo governo holandês e das eleições alemãs (Setembro).

 

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